O dia 5 de maio de 2019 tinha tudo para ser um dia comum na Divisão de Artes Plásticas (DAP) da Casa de Cultura. Mas, logo pela manhã, a equipe foi surpreendida com uma pedra, atirada da rua e que perfurou o vidro da divisão, à época localizada na Avenida Juscelino Kubitschek. Vinte dias depois, a fachada envidraçada da DAP foi alvo, novamente, de mais uma pedrada.
O episódio não passou em vão: virou arte. Ou melhor, um catálogo de arte, premiado internacionalmente dois anos depois. O Catálogo Arte Londrina Sete, fruto do trabalho dos designers Makon Nery e Gustavo André, organizado pelo chefe da DAP, Danillo Villa, ficou em com o 3º lugar no Latin America Design Awards.
A competição congrega artistas de toda a América Latina, além de trabalhos de designers latino-americanos residentes em outras regiões. O catálogo foi premiado na categoria Livro Completo.
O Arte Londrina, que já caminha para sua 9ª edição, recebe anualmente centenas de propostas de artistas locais e de todo o Brasil para serem expostas no interior da DAP. Muitos trabalhos expostos são feitos por estudantes e ex-alunos da UEL. Ao todo, foram quase 400 artistas inscritos, entre os quais 60 foram selecionados. A curadoria foi de Danillo Villa e da convidada Clarissa Diniz, do Museu de Arte do Rio de Janeiro (MARJ).
Pedra no meio do caminho
A pedra foi muito mais do que um ataque: foi um aviso que ainda incomoda, pelos mais variados motivos, os artistas e a direção da DAP. “Até hoje não sabemos do motivo. Acham o espaço elitista? Pois bem, é uma oportunidade para isso entrar em discussão. Nós aspiramos por mudanças, assim como os que jogaram a pedra”, afirma Villa.
Inspirados por virarem vidraça, os designers se debruçaram por quase um ano para a produção do catálogo, disponível gratuitamente na versão digital no site da DAP, assim como os catálogos anteriores – Confira aqui. O resultado foi um produto interativo, que pode ser manuseado e compartilhado.
“Nossa intenção foi fazer um catálogo interativo, que ressaltasse as preposições, com diferentes fontes nos nomes dos artistas. Trouxemos a pedra e os fragmentos do vidro para o material também”, explica André. “A encadernação do catálogo é diferenciada. A ideia é que essas obras virem pôsteres e que possam ser manuseadas livremente. Nosso objetivo foi expandir o uso do cartaz”, completa Villa.
Arte Londrina: reconhecimento nacional
O catálogo, fruto de um trabalho coletivo da Dap Divisão, foi possível devido ao sucesso do edital Arte Londrina, que entra em sua 9ª edição com uma média de 400 participantes anuais. “Nós conseguimos uma projeção nacional sem um prêmio. Outras competições, por exemplo, tem premiações de R$ 6.000,00. É muito gratificante ver que continuamos a ter muita participação todo ano, com a contrapartida do catálogo”, comenta Danillo Villa.
(Agência UEL)