Perceber as mudanças de comportamento e observar o quadro de saúde física e mental dos adolescentes são algumas das formas de identificar o bullying. Manter diálogo aberto e trabalhar junto com a escola são maneiras de prevenir novas agressões.
Os muito altos são chamados de poste, os muito baixos de “tampinha de garrafa”. Os mais gordinhos são chamados de baleia ou “balofo”. Os muito magros recebem apelidos como Olívia Palito e graveto. Quem tem espinhas é chamado de “porco espinho” e, seja lá quais forem as características da pessoa, no período da escola ela está sempre vulnerável a sofrer bullying.
Há algumas décadas, o senso comum dizia que “ser zoado” na escola era normal e que essa fase passaria naturalmente. Com o passar do tempo, psicólogos e educadores mostram que as consequências do bullying são devastadoras: baixa autoestima, depressão, sentimento de não pertencimento são algumas delas.
Os efeitos são muitos e variados, mas nem sempre os adolescentes que sofrem com as agressões disfarçadas de brincadeiras conseguem falar abertamente sobre o assunto e pedir ajuda. E, por isso, preferem se calar.
No entanto, eles emitem alguns sinais de que algo não vai bem: ficam mais reclusos, nem sequer cogitam pensar em roupas para sair, pois já não querem realizar atividades de lazer. Podem ficar mais agressivos ou apáticos com a família e o desempenho escolar também pode cair.
Bullying não é “mi mi mi”
Há algumas décadas, as pessoas recebiam uma educação mais “espartana”, isto é, mais rígida e disciplinadora. Nesse período, a “zoação” durante os anos escolares era naturalizada e as crianças e adolescentes eram aconselhados a simplesmente não se importar com as chacotas feitas pelos colegas.
Muita gente dizia, inclusive, que as “brincadeiras” eram sinais de afeto, pois só se brinca com quem se ama. Outras pessoas diziam, simplesmente, que a vida escolar é assim mesmo e que todo mundo passa por isso.
Com o decorrer do tempo, no entanto, profissionais da saúde mental e educadores começaram a mostrar para os pais e a comunidade estudantil que o bullying não é mero “mi mi mi” de crianças e adolescentes que não sabem lidar com algumas brincadeiras.
Aliás, o bullying não é uma brincadeirinha, é uma agressão, uma perseguição e, em muitos casos, uma humilhação cujos efeitos duram por longos anos.
Como identificar uma vítima de bullying
Para identificar uma vítima de bullying, a família, os educadores e os amigos devem estar muito atentos, sobretudo aos comportamentos dos adolescentes. Isso porque muitas vezes a vítima não quer contar o que tem passado, mas acaba dando sinais da situação através da mudança de comportamento.
Preferência pela reclusão
Muitas vítimas de bullying preferem ficar reclusas, isto é, preferem não ter mais tanto contato com os amigos e mesmo com a própria família. Recusam-se a ir a festas ou a pequenos eventos familiares, preferem ficar no quarto sozinhas, ouvindo música ou lendo, por exemplo.
Isso pode acontecer, dentre outros motivos, porque os adolescentes perdem a confiança nas pessoas, ficam com medo de elas ou reforçarem as agressões ou simplesmente minimizá-las. Então, para não sofrerem mais, eles se isolam.
Agressividade
É muito comum as pessoas que sofrem opressões repetirem o comportamento violento de seus agressores. Por isso, muitos adolescentes que sofrem com o bullying na escola dão indícios de que a situação não está normal repetindo os mesmos comportamentos agressivos que recebem.
E a agressão não é apenas a violência física. A rispidez, os xingamentos, a depreciação também são formas de agredir. E, geralmente, quem sofre bullying se volta contra a própria família e os amigos mais próximos.
Pode-se dizer que a agressividade é uma outra forma de tentar o isolamento já que, muitas vezes, a intenção desse comportamento é afastar as pessoas.
Estresse e quadros de ansiedade
Quem sofre bullying tende a ficar estressado ao ter que voltar ao local onde as agressões são mais frequentes. Então, por exemplo, se o adolescente oferece resistência para voltar para a escola ou para o cursinho de idiomas, os agressores podem estar nesses espaços.
Outros adolescentes começam a apresentar quadros de ansiedade e ficam nervosos e angustiados. Muitos também podem ter sintomas como compulsão alimentar ou perda de apetite, dores de cabeça, de estômago ou na região da cervical.
Desempenho ruim na escola
Outro forte indício de que um adolescente está sofrendo bullying é quando o desempenho escolar começa a cair.
E isso geralmente acontece porque a pessoa fica com dificuldades na concentração escolar. Com medo de novas agressões, físicas ou verbais, o adolescente passa a querer se proteger mais do que aprender as operações matemáticas ou os conceitos de física.
O que fazer ao identificar o bullying
Ao identificar o bullying, os pais e responsáveis devem, primeiramente, mostrar total apoio aos filhos. É muito importante que eles se sintam acolhidos e protegidos pelos familiares. Conversar e mostrar que o problema deles é significativo, mas que não estão sozinhos é de extrema importância.
Também é altamente recomendado que os pais contem com o apoio de psicólogos que vão ajudar o adolescente a lidar com os traumas. Comunicar a direção da escola, os professores, bem como os pais e responsáveis dos agressores é também outro passo importante para tentar acabar com as situações de bullying.