O Refúgio Biológico Bela Vista (RBV), da Itaipu Binacional, em Foz do Iguaçu (Paraná), registrou no começo do mês de junho seu segundo caso de reprodução em cativeiro de onças-pintadas. Na noite do dia 1º de junho, a onça-pintada melânica Nena deu à luz um filhote de onça-pintada melânico; e horas depois, no dia 2 de junho, nasceu outro filhote, mesclado como o pai, Valente.
Nessa manhã (27), em cerimônia para celebrar o aniversário do RBV, os filhotes serão apresentados à imprensa. Na ocasião, será feita a sexagem (processo visual para saber se são macho ou fêmea) e avaliação geral, para verificar a saúde dos filhotes.
A gestação das onças-pintadas dura cerca de 100 dias, com possibilidade de nascimento de até quatro filhotes. Os bebês nascem cegos e passam a enxergar depois de duas semanas de vida.
Para garantir a integridade das onças, mãe e filhotes ocupam espaço diferente do macho, que não desenvolve instintos para cuidar dos filhotes e pode machucá-los.
Histórico
A primeira onça-pintada a chegar ao RBV foi Juma, em 2002, capturada na região do Parque Nacional do Iguaçu. Ela ganhou um companheiro em 2007, o Tonhão, vindo do Zoológico do Município de Ilha Solteira.
Foram feitas várias tentativas de aproximação entre eles para que gerassem filhotes, mas não houve sucesso. Tonhão morreu em 2014, aos 19 anos. Juma morreu com 24 anos, em 2016.
Em 2007 chegou ao RBV a onça-pintada Valente, filhote encontrado abandonado numa fazenda na divisa entre Mato Grosso do Sul e São Paulo.
Em 2016, chega a onça-pintada melânica Nena, aos três anos de idade, vinda de uma fazenda no Mato Grosso do Sul, na divisa com Goiás. Ela foi doada pela unidade de conservação pelo Criadouro Científico Instituto Onça-Pintada (GO).
Em setembro de 2016 aconteceram os primeiros encontros entre Nena e Valente. Três meses depois, em 28 de dezembro de 2016, nasceu a onça-pintada melânica Cacau. Foi o primeiro caso de sucesso de reprodução de onças no RBV em 14 anos de tentativas.
Onça-pintada
A onça-pintada (Panthera onca) é um felino da família Feliade. É carnívoro, chega aos 2,10 metros de comprimento, pesa em média 150 kg e sua altura chega a 90 centímetros. A onça-pintada vive às margens dos rios e também nos ambientes campestres desde o sul dos EUA até a Argentina.
35 anos do RBV
Em outubro de 1982, quando o reservatório da usina estava começando a encher, a Itaipu promoveu a Operação Mymba Kuera (“Pega-bicho”, em guarani), para resgatar os animais das áreas que seriam inundadas. Na época, mais de 13 mil foram salvos. Eles foram acolhidos num espaço de mais de 2 mil hectares criado especialmente para isso, na margem brasileira da usina.
Quase dois anos mais tarde, em 27.6.1984, esse local passou a se chamar oficialmente Refúgio Biológico Bela Vista (RBV). O RBV completará 35 anos nesta quinta-feira (27.6.2019).
Desde o seu surgimento, o RBV foi muito além de acolher espécimes da fauna local, transformando-se em um importante centro de conservação da biodiversidade, pesquisa, educação ambiental e turismo ecológico.
Historicamente, foram registrados mais de 1.000 nascimentos de 42 espécies no RBV.
Um bom exemplo desse trabalho é a reprodução da harpia, uma das maiores aves de rapina do mundo. Ameaçada de extinção, a ave está no brasão do Estado do Paraná. O programa de reprodução de harpias em cativeiro da Itaipu é o mais bem-sucedido do mundo. No RBV nasceram 47 harpias. No total, o plantel de Itaipu é formado hoje por 35 harpias, sendo 25 filhotes nascidos no local. Muitas aves foram doadas para várias instituições parceiras.
Outras espécies raras também são reproduzidas no RBV, com destaque para a jaguatirica, a anta, o veado-bororó, o mutum-de-penacho e a onça-pintada. A taxa de sobrevivência é uma das mais altas do mundo.
O Zoológico Roberto Ribas Lange, localizado no RBV, expõe ao público visitante, por meio de trilhas interpretativas e recintos bem projetados, amostras representativas da fauna brasileira, entre mamíferos, aves, répteis e anfíbios.
Atualmente, o Zoológico tem 32 recintos e abriga uma população de 172 animais de 50 espécies, sendo 47 répteis e anfíbios, 65 aves e 60 mamíferos. Os animais do Zoo são provenientes do próprio criadouro de animais silvestres da Itaipu, de outros zoológicos ou foram destinados pelos órgãos ambientais.
O RBV conta com um dos melhores hospitais veterinários do País, que atende animais de outros zoológicos ou vítimas do tráfico.
Também são produzidas no RBV mudas florestais de mais de cem espécies, que depois são utilizadas para recuperação de matas ciliares na Bacia do Paraná 3 (BP3).
O RBV integra a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA), a maior do mundo e, por desenvolver as três funções básicas da Reserva nos campos da proteção da biodiversidade, do desenvolvimento sustentável e do conhecimento científico e tradicional sobre a Mata Atlântica, foi agraciado em 2018 como um Posto Avançado da RBMA, elemento que agrega ainda mais valor ao RBV como vitrine de importantes ações de conservação e educação ambiental.
Assessoria Itaipu.