Alice nasceu no hospital Santa Lúcia, em Brasília, com uma síndrome rara, chamada Argininosuccinic aciduria (ASA), que afeta o ciclo da ureia. Seus pais estranharam o quanto a menina chorava, mas a instituição não aceitou fazer exames, por julgá-los injustificáveis.
"Quem deu a possibilidade ao ciclo da ureia fomos nós. Aí o hospital falou 'é, realmente pode ser', mas nesse meio tempo a Alice entrou em coma e foi entubada", relembra o pai, Afonso Valladão. Por isso, o casal decidiu trazer Alice para São Paulo, para que fosse tratada no Hospital Sírio Libanês.
"Chegamos aqui no Sírio e eles fizeram o teste de amônia nela, deu altíssimo: 770. O normal é abaixo de 200, fica em torno de 50. Acima de 200 causa coma", explica Valladão. Neste momento, o cérebro da menina estava começando a ser afetado. Ao passar por uma hemodiálise de mais de dez horas, Alice começou a acordar. No entanto, aconteceram complicações e um cateter fez com que o bombeamento do sangue parasse. O caso ocorreu no dia 24 de maio.
Foi, então, que a menina sofreu três paradas cardíacas. "Os médicos estavam tentando reanimá-la, eu me ajoelhei no chão, comecei a orar bastante, eu estava no corredor. E pedi à misericórdia de Deus. Eu não acreditava, mas não tinha pra onde correr."
Neste momento, o padre Fernando passava pelo corredor onde Valladão estava ajoelhado. "Ele viu que eu estava segurando uma cruz e perguntou se ele poderia batizar minha filha", relata. No entanto, o batizado só poderia ocorrer se a menina estivesse viva.
"Ele foi e acabou batizando ela entre um ataque cardíaco e outro. Enquanto isso, eu ainda estava ajoelhado, do lado de fora, orando por ela. Ela realmente voltou", afirma o pai.
Desde então, tanto Valladão quanto sua mulher, mãe de Alice, têm rezado diariamente e passaram a acreditar em Deus. "No momento eu sou mais religioso. Antes eu tinha uma crença no ser superior, mas eu não sabia. Hoje em dia eu creio em Deus."
Afonso não tem certeza se o batizado foi o que realmente ajudou sua filha a recuperar a vida, mas sente que a presença do padre, naquele momento, o ajudou: "porque eu pedi para Deus um sinal".
Alice segue internada no Hospital Sírio Libanês e está mais estável. Ela precisa de medicamentos que não existem no País e o casal tem de desembolsar R$ 4 mil a cada duas semanas para consegui-lo. Além disso, a menina precisa de um leite especial, cuja lata custa 200 euros.
Para conseguir cobrir todos os gastos, os pais criaram uma vaquinha online e esperam arrecadar R$ 300 mil.
Futuramente, quando estiver em estado completamente estabilizado e engordar, Alice terá que se submeter a um transplante de fígado.