Todos os locais
Todos os locais

Selecione a região

Instagram Londrina
Instagram Cascavel
Agro
Brasil

Onda de calor pode deixar alimentos mais caros nas próximas semanas

Quebra de safra em hortaliças e queda na produção de leite e frango reduzem oferta no mercado; entenda como o clima afeta diretamente o seu bolso
27 dez 2025 às 10:59
Por: Band
Lucas Sherer Cardoso/Embrapa

As altas temperaturas registradas nos últimos dias em todo o Brasil não causam apenas desconforto térmico nas pessoas ou animais, mas também provocam um impacto direto e imediato na mesa do consumidor. O calor excessivo atua como um fator determinante para o aumento da inflação dos alimentos, gerando um "choque de oferta" que encarece produtos essenciais, como hortaliças, legumes, frutas, leite e carne de frango


Quando os termômetros sobem, a produtividade no campo cai drasticamente, diminuindo a quantidade de comida disponível enquanto a procura se mantém estável. Essa conta fecha com preços mais altos nas gôndolas dos supermercados e nas feiras livres, afetando principalmente o grupo de "Alimentação no domicílio", que tem registrado altas superiores ao índice geral de inflação (IPCA).


Por que o calor encarece a comida?


O mecanismo por trás desse aumento é biológico. Segundo pesquisadores da Embrapa, plantas e animais possuem limites de tolerância térmica. No caso dos vegetais, temperaturas acima de 35°C desencadeiam reações de defesa que prejudicam o desenvolvimento da lavoura.


Para evitar a perda excessiva de água, as plantas fecham os estômatos — que funcionam como poros microscópicos para respiração. Com esses poros fechados, a fotossíntese é interrompida e a planta para de crescer.

Outras notícias

Safra brasileira cresce 86% em uma década e bate recordes de produção

Paraná terá Rota do Morango e aposta no turismo rural na Grande Curitiba

Produção nacional de mandioca cresce 9,4% em 2025, mas rentabilidade do produtor segue limitada


Além disso, o calor extremo provoca o chamado "abortamento de flores". Em culturas como tomate, pimentão e diversas frutas, a flor cai antes de ser fertilizada, impedindo o nascimento do fruto. Já os produtos que conseguem crescer muitas vezes sofrem queimaduras físicas (escaldadura) nas folhas e na casca, tornando-se impróprios para a venda e reduzindo a oferta no mercado.


Hortaliças são as maiores vítimas do calor


Os alimentos mais sensíveis a essas variações são os perecíveis de ciclo curto. Hortaliças folhosas, como alface e rúcula, e legumes como o tomate e o pepino, sentem os efeitos do clima quase que imediatamente.


Relatórios econômicos de 2025, divulgados pela Agência Brasil e baseados em dados do IBGE, apontam que itens como tomate e pepino chegaram a registrar alta superior a 20% em um único mês. A volatilidade é explicada pela rapidez com que o clima destrói a produção: ao contrário de grãos como soja e milho, que possuem estoques reguladores e podem ser armazenados, as hortaliças estragam rápido e precisam de reposição constante.


Impacto na produção de leite e frango


Não é apenas a lavoura que sofre. A produção de proteína animal também é severamente impactada pelo estresse térmico, o que ajuda a explicar a alta no preço do leite e do frango. Dados da Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul mostram que, em períodos de calor extremo, a produção de leite pode cair até 24%. Isso ocorre porque a vaca gasta a maior parte de sua energia tentando resfriar o corpo para sobreviver, deixando de direcionar nutrientes para a produção de leite.


Na avicultura, o cenário é semelhante. As aves são animais extremamente sensíveis ao calor e podem morrer devido ao estresse calórico. Para evitar a mortalidade, os produtores precisam manter sistemas de ventilação forçada ligados nos aviários por mais tempo, o que eleva os custos com energia elétrica.


O frango submetido ao calor come menos e ganha menos peso, reduzindo a eficiência produtiva. Segundo a Embrapa, todo esse custo extra de produção e a menor oferta de carne acabam sendo repassados ao consumidor final.


O clima tornou-se um componente estrutural da inflação brasileira. Enquanto as ondas de calor persistirem com tamanha intensidade, a tendência é que a volatilidade nos preços dos perecíveis continue a desafiar o orçamento das famílias.

Veja também

Relacionadas

Agro
Imagem de destaque

Mercado de feijão em 2025: preços do carioca se sustentam enquanto cotações do preto recuam

Agro
Imagem de destaque

Nova ponte restabelece corredor logístico entre Maranhão e Tocantins

Agro

Rio Grande do Sul tem 7 dos 10 azeites mais premiados de 2025

Agro

Fruto típico do Cerrado, pequi vira pãozinho fácil de fazer e delicioso

Mais Lidas

Cidade
Londrina e região

Londrina tem alerta vermelho para onda de calor com riscos à saúde até segunda-feira

Cidade
Cascavel e região

Idosa de 74 anos é resgatada após ser exposta ao sol como "castigo" em Cascavel

Paraná
Cascavel e região

Batida frontal na BR-277 deixa quatro feridos graves em Palmeira

Cidade
Londrina e região

Caso Raphaelle Proferis completa um ano sem desfecho judicial; família cobra júri popular

Tarobá Cidade Londrina
Londrina e região

Londrina figura entre as maiores economias do país, mas renda per capita preocupa

Podcasts

Podcast Arte do Sabor | EP 4 | Azeitóloga: história e curiosidades

Podcast Fala Advocacia | EP 4 | Qual o papel da comissão de compliance?

Podcast Café Com Edu Granado | EP 44 | Reencontro Com a Fé | Tadao Nishida

Tarobá © 2024 - Todos os direitos reservados.