Os apicultores brasileiros estão enfrentando uma situação desafiadora devido à recente sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos ao mel exportado do Brasil. A tarifa, que entrou em vigor há apenas 1 semana, coloca em risco um setor que tem nos EUA o destino de cerca de 80% de suas exportações.
Apesar da nova tarifa, os contratos previamente estabelecidos serão honrados até dezembro deste ano, como afirmou o diretor da Casa Apis, terceira maior produtora de mel do país e responsável por 20% da produção do Piauí. "Eles autorizaram que a gente continuasse e iam manter os contratos", disse o diretor Antonio Leopoldino, destacando que a entidade recebeu garantias nesse sentido.
Confrontados com a realidade da tarifa, os produtores estão buscando alternativas para escoar a produção. "Enquanto isso, nós estamos trabalhando, estamos pesquisando, colocando nosso time comercial em campo e participando de eventos internacionais", explicou Leopoldino, indicando que o foco agora é encontrar novos mercados para o mel brasileiro.
Essa busca por novos mercados é complexa, pois envolve não apenas encontrar compradores, mas também cumprir as certificações específicas de qualidade exigidas por cada país. O principal receio é ter que redirecionar a produção para o mercado interno, onde o consumo é significativamente menor, com o brasileiro consumindo em média apenas 60 gramas de mel por ano, o que é quatro vezes menos que a média mundial.
O cenário atual apresenta uma oportunidade para os apicultores oferecerem um produto de maior qualidade no mercado interno, o que poderia potencialmente resultar em preços melhores. No entanto, com uma oferta maior e uma demanda ainda baixa, existe o risco de queda nos preços, o que poderia reduzir as margens de lucro dos produtores.
Além disso, o Brasil se destaca como um dos principais produtores de mel, com o Rio Grande do Sul liderando a produção nacional, seguido por Piauí e Paraná, conforme dados do IBGE. O país produz aproximadamente 64 mil toneladas de mel, das quais quase 38 mil toneladas são destinadas à exportação, com os Estados Unidos o maior comprador.
Diante dos desafios impostos pela nova tarifa, o setor apícola nacional tem pela frente a tarefa de adaptar-se e encontrar novas estratégias para sustentar sua produção e rentabilidade.