O presidente da Argentina, Javier Milei, e o bilionário sul-africano Elon Musk se encontraram nesta sexta (12) nos Estados Unidos. Segundo a Presidência argentina, Milei ofereceu ajuda a Musk para lidar com o "conflito" nos âmbitos "judicial e político" no Brasil.
O presidente argentino ofereceu colaboração no conflito que a rede social X enfrenta no Brasil.
Nota enviada à imprensa
Questionada, a assessoria da Casa Rosada respondeu que "o tema é complexo" e não deu detalhes sobre como seria a ajuda.
O governo do país vizinho informou que Milei visitou uma planta industrial da Tesla em Austin, no Texas, empresa que fabrica carros elétricos e pertence a Musk. Eles conversaram ainda sobre "a importância de eliminar as tarefas burocráticas" para investidores e o empresário se comprometeu a realizar em breve, na Argentina, "um grande evento para fomentar as ideias da liberdade".
"O presidente ratificou o papel dos empresários na sociedade", diz o texto divulgado na tarde de hoje. "O empresário, por sua vez, comprometeu-se com as ideias de liberdade e com os governos pró-mercado".
Ambos postaram fotos no X, a rede de Musk. Milei também republicou uma mensagem em que um usuário diz que Musk confirmou que estará na Argentina no segundo semestre para um seminário, entre outras.
Interesses comerciais e afinidades ideológicas
É a primeira vez que ambos se encontram pessoalmente desde que Milei foi eleito, no fim do ano passado. Mas eles já vinham trocando elogios e afagos pelas redes sociais
Milei havia indicado que quer abrir caminho para que Musk siga investindo na Argentina. A empresa de internet via satélite do sul-africano recebeu autorização para oferecer seus serviços no país sul-americano em março. A Argentina tem uma das matérias-primas mais importantes para os interesses da Tesla, o lítio.
Além dos interesses comerciais, há afinidades ideológicas e um comportamento praticamente de fã de Milei em relação ao Musk, que faz questão de elogiar o empresário em todas as oportunidades públicas.
Em meio ao conflito de Musk com o Judiciário brasileiro, Milei endossa, em posts da rede social X, que o Brasil instituiu com Alexandre de Moraes uma perseguição política e censura de opositores a Lula.
Para o analista político Pablo Semán, Milei não estaria apenas interessado em acordos comerciais com Musk, mas também em se posicionar ideologicamente, voltando a atacar o Brasil e o presidente Lula — que Milei já chamou inúmeras vezes de comunista.
"A direita usa uma estratégia que é a relação direta com Elon Musk, que permite acesso à metadata do X (antigo Twitter), e isso permite, por uma parte, alinhar os algoritmo para uma certa posição [ideológica] e, por outro lado, conhecer a trajetória do sujeito que participa dessa rede social, fazendo campanha certeiras, com o objetivo de cooptar esse sujeito. E aí a direita tem muito mais vatangem", avaliou.
A Casa Rosada tenta jogar panos quentes e dizer que a opinião pessoal do presidente não interfere na relação dos países, mas fato é que Milei ajuda a produzir entre seus apoiadores, nas redes sociais, uma tensão ainda maior nas relações diplomáticas de Brasil e Argentina.