Uma pesquisa sobre a entrada de espécies exóticas invasoras em território brasileiro aponta que não é mais possível eliminar o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, da zika e da chikungunya do território nacional. O animal chegou ao país há cerca de quatrocentos anos, mas segue se comportando como um invasor.
O termo "espécies exóticas invasoras" se refere a plantas, animais e microrganismos que são introduzidos por ação humana, de forma intencional ou acidental, em locais fora dos seus habitats naturais.
Neste mês, foi lançado o primeiro relatório sobre o tema produzido por pesquisadores da Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, chamado "Relatório Temático sobre Espécies Exóticas Invasoras, Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos".
Um dos coordenadores da pesquisa, o professor Mário Luis Orsi avalia que, agora, só é possível controlar o avanço do Aedes aegypti, mas não eliminar o mosquito do território.
"É uma situação muito complicada, e que agora só nos resta o controle. Agora, é praticamente impossível eliminá-lo. Essa história de que é possível eliminá-lo, nós não acreditamos, e os fatos estão aí também para a gente mostrar isso no relatório, mas é possível se fazer um controle populacional".
Além dos impactos na saúde pública, a presença dessas espécies invasoras em território brasileiro pode gerar consequências negativas à biodiversidade e ao desenvolvimento sustentável.
Ainda segundo o relatório, as espécies exóticas invasoras podem ter causado, ainda, um prejuízo mínimo anual de dez a quinze bilhões de reais à economia nos últimos trinta e cinco anos.
O levantamento identificou 476 dessas espécies no Brasil. Ao todo, foram registradas 1.004 evidências de impactos negativos em ambientes naturais e apenas 33 impactos positivos.
O professor Mário Luis Orsi explica que as influências positivas são pontuais e de curta duração.
"O lucro é setorizado, ele é muito particular, de poucos grupos, mas o prejuízo é social, é comunitário".
No Brasil, existem ao menos 30 regras federais relacionadas às espécies exóticas invasoras. As projeções do relatório indicam ainda que, se o cenário atual for mantido, as invasões biológicas tendem a aumentar de 20% a 30% no Brasil até o final do século.