Os acidentes de trabalho seguem sendo uma realidade preocupante em Cascavel. Apenas em 2025, já foram registrados 20 casos formais, incluindo um óbito.
Segundo o Sintrovel, sindicato que representa os trabalhadores da construção civil e do transporte, 50% dos acidentes envolvem quedas de plano elevado, ou seja, quedas de locais altos. Muitas vezes, esses trabalhadores atuam sem os equipamentos de proteção individual (EPIs) adequados.
O caso mais grave ocorreu em 1º de setembro. Um homem de 47 anos caiu do telhado durante uma manutenção, quebrou o pescoço e não resistiu aos ferimentos.
Roberto Leal Americano, presidente do SINTROVEL, afirmou que o uso de EPIs deve ser cobrado pelos empregadores e, caso o trabalhador se recuse a utilizá-los, pode haver demissão por justa causa. Ele classificou como uma falácia a ideia de que “o trabalhador não gosta de usar” os equipamentos e ressaltou que o patrão tem o dever, e o direito, de exigir o uso obrigatório dos EPIs.
Seis acidentes em três dias
Somente nos últimos três dias, foram seis novos acidentes de trabalho registrados na cidade. Dois ocorreram na quarta-feira (03):
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Pela manhã, durante a montagem da estrutura metálica para o desfile de 7 de Setembro, uma peça de ferro caiu e atingiu um trabalhador, que teve fratura no fêmur. Ele foi socorrido imediatamente.
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À tarde, um guindaste despencou de 24 metros em uma obra na região central de Cascavel. O operador do equipamento ficou preso sob a estrutura. Equipes do Corpo de Bombeiros prestaram os primeiros socorros. A vítima sofreu contusões e escoriações e foi encaminhada ao Hospital Universitário.
Falta de segurança nas obras
O ambiente de obras envolve riscos constantes, como trabalho em altura, uso de máquinas pesadas e materiais cortantes. Por isso, é fundamental o uso de EPIs e treinamento adequado.
De acordo com o Sintrovel, o sindicato realiza vistorias regulares em obras da cidade e constata, com frequência, irregularidades, como a falta de equipamentos de proteção, ausência de registro formal e falta de treinamento técnico.
A entidade também alerta que muitos acidentes não são notificados oficialmente, o que reduz a precisão das estatísticas.
“Quando vocês passarem em frente a uma obra e virem uma empresa de resgate que não seja o SIATE, é acidente de trabalho sendo maquiado. E por que as empresas não chamam mais o SIATE? Porque vira estatística automaticamente, o que acarreta em índices maiores de pagamento ao INSS. Então, as empresas maqueiam. Por isso, nossos números são muito distantes da realidade”, disse Roberto Leal.