O Gepatria (Grupo Especializado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa), vinculado ao Ministério Público do Paraná, instaurou procedimento para apurar o suposto acúmulo de remuneração por parte de três secretários municipais de Londrina, em documento emitido no dia 13 de maio.
A medida busca esclarecer se os ocupantes das pastas de Planejamento, Saúde e Recursos Humanos estão recebendo vencimentos de outros entes públicos simultaneamente ao subsídio do cargo comissionado, o que pode configurar irregularidade administrativa. O salário de um secretário municipal em Londrina é de R$ 21,9 mil. Este valor foi aprovado em dezembro de 2024 e tambem é o salário do vice-prefeito.
Segundo o documento que a Tarobá teve acesso, a apuração
teve início após o recebimento de duas representações - uma de forma anônima e
outra formulada por representantes do movimento popular “Por Amor à Londrina”.
Ambas apontam que os secretários Marcos Jerônimo Goroski
Rambalducci (Planejamento), Vivian Biazon El Reda Feijó (Saúde) e Leonardo
Bueno Carneiro (Recursos Humanos e Gestão Pública) supostamente ocupam cargos
efetivos em outras instituições públicas e, ao mesmo tempo, exercem funções
comissionadas na administração municipal, com possível recebimento simultâneo
de remunerações.
O PL (Projeto de Lei) 52/2025 enviado à CML (Câmara
Municipal de Londrina) pelo prefeito, Tiago Amaral, foi retirado do regime de
urgência pelos vereadores de Londrina, durante sessão desta quinta-feira (22).
A intenção é alterar o Estatuto dos Servidores do município e permitiria o
acúmulo salarial de servidores municipais, estaduais e federais nomeados para
cargos comissionados na cidade, o que causou polêmica.
A Constituição Federal, estabelece que secretários
municipais devem ser remunerados exclusivamente por meio de subsídio em parcela
única, sendo proibido o pagamento de gratificações, adicionais ou qualquer
outra forma de remuneração complementar. Ou seja, apenas um salário deveria ser
escolhido por parte do servidor.
Como parte do procedimento, o Gepatria solicitou ao
Executivo de Londrina documentos relacionados às nomeações, fichas funcionais,
financeiras e declarações de opção de vencimentos dos três secretários. Também
foram requisitadas informações às instituições de origem dos servidores (Universidade
Estadual de Londrina, Universidade Tecnológica Federal do Paraná e Governo do
Estado do Paraná) sobre os processos de cessão funcional para os cargos na
Prefeitura de Londrina.
A intenção por parte do Ministério Público é verificar, se
os pagamentos estão sendo realizados dentro do limite previsto pela
Constituição, se existe ressarcimento aos entes de origem, e se os atos
administrativos autorizam legalmente a remuneração dos servidores nessas
condições.
O procedimento instaurado pelo Gepatria ainda está em fase
inicial e não há conclusão sobre a existência de irregularidades. O MPPR
aguarda o envio dos documentos solicitados para avaliar a legalidade dos
pagamentos e eventuais medidas cabíveis.
A Tarobá entrou em contato com a assessoria de imprensa da Prefeitura de Londrina que enviou a seguinte nota:
"Entende que o projeto de lei 52/2025 apresentado à Câmara Municipal não afronta os princípios constitucionais da eficiência, moralidade e impessoalidade, uma vez que já existem leis em outros municípios como Curitiba e Ponta Grossa e ampla jurisprudência que pacifica o tema, inclusive entendimento consolidado no Tribunal de Justiça do Paraná.
Nesse sentido, o PL reflete apenas o que já está previsto no estatuto do servidor do Estado do Paraná e no Estatuto da Polícia Civil do Estado do Paraná. Em relação a servidores cedidos pela União, não há previsão legal do recebimento do salário-base acrescido da remuneração do cargo de secretário, motivo que impossibilita a remuneração desses servidores por parte do Município. Justamente para fortalecer o cumprimento do princípio da impessoalidade, a Prefeitura entende como essencial garantir a mesma prerrogativa já prevista no Governo do Estado do Paraná a servidores do município de Londrina e outros entes da federação que não o estado."