Produtos apreendidos em operações da Receita Federal, Polícia Federal e Ministério da Agricultura, como alimentos, vinhos e azeites adulterados, que antes seriam descartados, agora são transformados em combustível limpo dentro da Itaipu Binacional, em Foz do Iguaçu.
Cocos, cebola, vinho, açúcar e até mesmo batatas são transformados em biogás. Todos esses produtos vêm de apreensões realizadas pela Receita Federal, Polícia Federal e Ministério da Agricultura. Alguns produtos são apenas descaminhos ou contrabando, porém vinhos e azeites adulterados, que também entram nessa produção, podem ser nocivos à saúde humana.
O processo começa com o processamento e homogeneização dos materiais, que passam por um biodigestor, onde permanecem por cerca de 30 dias. Dele saem biogás e biofertilizante; o gás é refinado até virar biometano, usado para abastecer veículos e ônibus de turismo da usina, enquanto o fertilizante é aplicado nas áreas verdes da Itaipu.
Daiana Gotardo, Gerente de Engenharia e Operações do Centro Internacional de Energias Renováveis Biogás, explicou que o metano precisa ser concentrado para dar poder de queima ao combustível. Após isso, o metano é comprimido e armazenado para abastecer os veículos. No total, são 10 veículos abastecidos: 9 carros utilizados por equipes da Itaipu e o ônibus de turismo da usina.
No mesmo espaço, funciona um projeto inédito na América Latina que converte biogás em petróleo sintético para aviação.
Daiana Gotardo explicou que, através desse petróleo sintético, é possível produzir biogasolina e nafta, combustíveis que podem ser utilizados até mesmo para a aviação. Todos são sustentáveis e ajudam a diminuir a emissão de gases do efeito estufa, fator diretamente ligado ao aquecimento global, responsável por mudanças climáticas e tragédias ambientais.
"Porque o biogás parte de passivos ambientais, então você utiliza resíduos, restos de alimentos, que seriam problemas para o município fazer a destinação. Nós utilizamos esse material para a conversão de um ativo energético, deixando de consumir diesel e gasolina de origem fóssil, partindo de matérias-primas que eram um passivo para o meio ambiente", finalizou Daiana Gotardo.