Depois da primeira denúncia do Ministério Público por suposto erro médico em um caso envolvendo a morte de um paciente de 12 anos de idade por Covid-19, novos casos surgiram em Londrina envolvendo o mesmo profissional da área da Saúde.
Uma família procurou o Grupo Tarobá de Comunicação e expôs todo o tratamento de um paciente, além de conversas de WhatsApp compartilhadas com o médico.
A suposta vítima, um homem, de 48 anos, teria sido diagnosticado com a Covid-19 e iniciado o tratamento com o médico suspeito de utilizar tratamento alternativo para a doença, o que não é recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Nas receitas, está prescrito o uso de altas dosagens de medicamentos que fariam parte do chamado "Kit Covid", como por exemplo, hidroxicloroquina (em comprimido e inalatório) e ivermectina. As dosagens seriam seis comprimidos do vermífogo na hora do almoço, mais cinco após o jantar durante cinco dias. Esse tipo de tratamento não possui indicações da Anvisa.
A partir da piora progressiva no quadro, a esposa do homem passou a trocar inúmeras mensagens com o médico, colocando em pauta a dosagem dos medicamentos. O profissional de saúde diz que já havia cuidado de inúmeros pacientes com o mesmo tratamento e que a mulher não deveria levar o homem para o hospital, porque as unidades não tinham mais capacidade de receber mais pacientes.
Houve mais piora no estado de saúde do homem, e como ele estava na cidade de Alvorada do Sul na casa de outros familiares, um parente levou o homem para o hospital. Ele foi internado e diante da gravidade do quadro, foi encaminhado para a UTI do Hospital Universitário de Londrina. O homem acabou falecendo no dia 14 de maio de 2021.
“Meu primo era um homem forte. Eu não acho que os remédios fizeram ele piorar. Os remédios mataram ele. As dosagens deixaram os órgãos dele debilitados. Mais que o tratamento, a resposta dele (do médico) foi revoltante. E saber que uma pessoa dessa ainda está aí usando a medicina para dizer que está cuidando das pessoas e está fazendo isso”, disse um primo, que preferiu não ser identificado.
Após a morte do homem, sua esposa voltou contato com o médico, que por mensagem respondeu que a família não deveria ter levado o paciente ao hospital. E como ele havia dito que os hospitais não estavam preparados para aquele tipo de caso, a morte teria sido uma consequência das escolhas da família.
O Grupo Tarobá de Comunicação entrou em contato com a defesa do médico para ouvir o seu lado. Por meio de nota, a defesa explicitou a proibição da divulgação das receitas médicas e dos áudios compartilhados entre o médico e a família.
Segue a nota na íntegra:
“Considerando que a denúncia ainda não foi recebida pelo juízo, considerando também que não temos todas as informações relativas ao caso, desautorizamos expressamente a divulgação de qualquer escrito, gravação ou imagem, onde figure como interlocutor o médico referido. Pena de violação a direitos e garantias constitucionalmente garantidos”.