O secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, participou da sessão desta terça-feira (12) da Câmara de Londrina para falar sobre a situação dos atendimentos no Pronto Atendimento Infantil (PAI), atendendo convite da vereadora Mara Boca Aberta (Pros).
Segundo ele, a demora por atendimentos na unidade dobrou em abril com relação aos primeiros meses do ano, com espera, em média, de quatro horas e oito minutos pela consulta. Para solucionar o problema, provocado pela falta de interesse de pediatras pelo serviço público, a Secretaria de Saúde pretende lançar, em aproximadamente 30 dias, processo licitatório para contratar horas extras de médicos pediatras, a partir de empresas terceirizadas que possam fornecer os profissionais. Outra medida imediata será integrar à rede, de forma temporária e emergencial, uma equipe de médicos residentes em Medicina de Saúde e Comunidade.
A realização de convênios com instituições de ensino superior para que os médicos façam residência no PAI havia sido sugerida no mês passado pela vereadora Mara Boca Aberta, por meio da Indicação 1.484/2022. Segundo a parlamentar, que esteve no PAI nesta segunda-feira (11), havia pais esperando mais de oito horas pelo atendimento dos filhos.
"Ontem [segunda], eu estive no PAI. Cheguei por volta de 11 horas e estavam sendo atendidas pessoas remanescentes, que haviam passado a madrugada toda no local. Vimos crianças com fome, porque o leite da mamadeira já havia azedado por causa do tempo de espera. Havia várias crianças com febre. O PAI é lindo, mas o espaço não comporta, havia mães sentadas no chão, com crianças de colo", afirmou.
Ainda de acordo com a vereadora, o problema não ocorreu apenas em abril. "Estive no PAI em novembro, no começo de janeiro. Isso vem ocorrendo constantemente", disse. Em novembro de 2021, a Comissão de Seguridade Social da Câmara também havia realizado vistoria na unidade, depois de muitos pais denunciarem demora e superlotação no serviço.
Conforme dados apresentados por Felippe Machado, a demanda no PAI tem crescido desde o início do ano, saindo de 1.868 atendimentos na semana de 28 de fevereiro a 6 março para 2.411 atendimentos na semana de 28 de março a 3 de abril. A maior parte dos atendimentos foi de casos de resfriados e gripe. "Com a movimentação coletiva das crianças, que ficaram 2 anos em casa por causa da pandemia, já era esperado esse aumento de atendimento. Houve o retorno das aulas e a mudança de clima", disse.
O secretário reafirmou que há pouco interesse dos médicos pela formação em pediatria e falta interesse dos profissionais em trabalhar no pronto atendimento. Desde o início da gestão do prefeito Marcelo Belinati (PP), o Executivo realizou quatro testes seletivos para a contratação de pediatras. O edital da última seleção foi publicado em janeiro deste ano, com oito vagas para médico pediatra plantonista (6 para ampla concorrência, 1 para candidato afro-brasileiro e 1 para candidato com deficiência) e remuneração total de R$ 9.892,01, para uma jornada de 96 horas mensais. Os médicos deveriam trabalhar seis horas por dia, com previsão de plantões de 12 horas. Apenas um profissional teve a inscrição deferida e não houve aprovados.
Segundo Machado, há atualmente 32 pediatras atuando no PAI: 23 deles são médicos plantonistas da rede municipal e outros 10 são cedidos pelo Consórcio Intermunicipal de Saúde do Médio Paranapanema (Cismepar). Nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), segundo ele, trabalham 23 profissionais.