Um procedimento inédito no Sul do Brasil para o SUS foi realizado ontem (26), no HU-UEL, pelo eletrofisiologista Cézar Eumann Mesas, com assistência do cirurgião convidado Valério Fuks, cardiologista intervencionista do Hospital Federal dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro.
O procedimento é de denervação renal, que é uma forma de tratamento de pacientes com hipertensão arterial que não respondem mais a outras formas de tratamento, geralmente com diversos tipos de medicamento oral. A alternativa para estes pacientes é um tipo de tratamento realizado através de cateterismo, chamado denervação renal.
“Uma das causas da hipertensão é a atividade de um conjunto de fibras nervosas que afetam os rins. Estas fibras chegam até os rins passando ao longo das artérias que saem da aorta (principal artéria do nosso organismo) e vão irrigar os rins. O tratamento consiste em posicionar um cateter em forma de espiral dentro destas artérias (artérias renais), através de uma agulha introduzida na virilha, e liberar uma energia eletromagnética dentro destas artérias”, explica Mesas. Isto, segundo ele, não causa danos importantes nas artérias, mas destrói estas fibras nervosas, levando, com o tempo, a uma diminuição da pressão.
Segundo Mesas, a hipertensão arterial (pressão alta) é uma das principais causas de morte e doenças graves, como infarto, AVC (derrame), insuficiência cardíaca e insuficiência renal. É extremamente comum: cerca de 35% da população é hipertensa. “Embora boa parte das pessoas consigam controlar a pressão com mudança do estilo de vida (atividade física, dieta adequada, entre outras) e com o uso de medicamentos, para 10 a 20% das pessoas ela é resistente, ou seja, não se consegue controlar a pressão, mesmo com o uso de 3 ou mais tipos diferentes de medicamentos”, destaca Mesas.
“Destas pessoas com hipertensão resistente, até 8% não conseguem controlá-la, mesmo com o uso de 5 ou mais medicamentos. Chamamos esta situação de hipertensão arterial refratária”.
Para Mesas, foi uma boa oportunidade, em que apareceu uma paciente, de 56 anos, com hipertensão grave, que não respondia mais a medicamentos, e com a doação de cateter pela empresa Meditronic, foi possível a realização do procedimento inédito. “A cirurgia foi um sucesso, amanhã mesmo (27), a paciente deve ter alta”, comemora Mesas.
Até o momento, entre particulares e públicos, foram realizados cerca de 80 procedimentos como este no Brasil, apenas seis na Região Sul, a maioria em pacientes do sistema de saúde complementar.