Um dos grandes produtores de alimentos do Paraná, o município de Umuarama, na região Noroeste, trabalha para fechar todo o ciclo que envolve a alimentação, desde o apoio ao plantio até a garantia da segurança alimentar de cada um de seus 112 mil habitantes. Dentro deste processo, uma engrenagem importante está em construção: o Restaurante Popular de Umuarama tem a previsão de servir, a partir do ano que vem, até mil refeições diariamente, a um baixo custo.
A unidade é uma das 20 que o Governo do Estado está construindo ou modernizando em parceria com os municípios, por meio do Programa Paranaense de Apoio aos Restaurantes Populares, voltado para cidades com mais de 80 mil habitantes. A Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento entra com um recurso de até R$ 3,5 milhões para as obras e aquisição de mobiliário, equipamentos e utensílios. No total, o governo investe R$ 14,7 milhões no programa.
Além de uma contrapartida de pelo menos 5% do valor do projeto, os municípios ficam responsáveis pela gestão do espaço e pela definição do valor da refeição, que é mais barata que o comércio convencional. Em Umuarama, o investimento é de R$ 3,9 milhões, incluindo a contrapartida municipal de aproximadamente R$ 420 mil. A previsão é que a obra seja concluída até dezembro e que o serviço comece a funcionar no começo do ano que vem.
Localizado no Jardim Danielle, ao lado do Banco de Alimentos do município, o espaço tem proposta tanto de servir as refeições no local, como também entregar marmitas a trabalhadores, moradores de outros bairros e a estudantes do Instituto Federal do Paraná (IFPR) e da Universidade Estadual de Maringá (UEM), que têm campi também nas proximidades.
“O restaurante fica em uma das regiões que mais cresce na cidade e próximo ao parque industrial, onde há muitas empresas de pequeno porte, principalmente do setor moveleiro, que não têm uma estrutura para fornecer as refeições aos seus funcionários. Esses trabalhadores poderão ser atendidos por este serviço”, explica o prefeito Celso Pozzobom. “Nossa ideia é criar um sistema logístico para entregar as refeições nesses locais, atendendo também outras comunidades e os estudantes com uma comida barata e de qualidade”, diz.
O sistema de entregas segue o exemplo do que já é feito em Toledo. A cidade do Oeste do Paraná implantou uma cozinha social e sete restaurantes populares, que fornecem refeições não só para a população em situação de vulnerabilidade, como também para as escolas municipais. O projeto é anterior ao programa estadual, mas o governo contribui atualmente com a modernização das unidades, um investimento de R$ 1,5 milhão.
“Acompanhamos o trabalho em Toledo e percebemos que é um sistema que funciona muito bem. Tínhamos aquele projeto como referência quando procuramos o governo para implantar o Restaurante Popular aqui”, afirma Pozzobom. “Pelo porte da nossa cidade, tínhamos essa demanda para atender a população. E a parceria com o Governo do Estado é essencial para desenvolver projetos como este, que tem um grande retorno social”, salienta.
AGRICULTURA FAMILIAR – Além de servir refeições de qualidade à população em situação de vulnerabilidade social, os restaurantes populares também beneficiam os agricultores familiares, que se tornam fornecedores. “Os restaurantes servem comida de verdade, grande parte dela produzida pela agricultura familiar. É uma via que atende dois públicos prioritários, as pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional e os pequenos produtores”, afirma Márcia Stolarski, chefe do Departamento de Segurança Alimentar da Secretaria da Agricultura.
Dentro desse processo de fortalecer a agricultura familiar, o Governo do Estado criou o programa Compra Direta Paraná, que adquire alimentos dos produtores rurais para repassar a entidades sociais e aos equipamentos de segurança alimentar do Estado. O programa emergencial está destinando R$ 20 milhões para as compras de 70 itens dos agricultores familiares, beneficiando as comunidades impactadas pela pandemia do novo coronavírus.
“Os próprios restaurantes populares estão recebendo esses produtos, usados no preparo das refeições, além dos bancos de alimentos, cozinhas comunitárias, entidades e hospitais filantrópicos”, explica Márcia. “Além de ajudar os municípios, que subsidiam as refeições servidas nesses espaços, e as famílias em situação de insegurança alimentar, o programa traz um alento para os agricultores familiares, que estão com dificuldade de vender seus alimentos durante a pandemia”.
SEGURANÇA ALIMENTAR – O equipamento vai ajudar a compor a rede de segurança alimentar de Umuarama, explica Vinícius Gimenez, diretor de Agricultura da Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente. “Vai ajudar muito a população mais vulnerável, que sofre com a insegurança alimentar. Com o apoio do Governo do Estado, vamos combater essa grande dificuldade que ainda enfrentamos na nossa cidade”, diz.
Umuarama já conta com o Banco de Alimentos, que fica no terreno ao lado do Restaurante Popular e distribui cestas com frutas, legumes e verduras a cerca de 900 famílias por mês. Além dele, há também o Sacolão do Produtor, parceria com a Cooperativa dos Produtores Rurais de Umuarama (Cooperu), que vende no varejo os produtos da agricultura familiar.
OFICINAS - A proposta do restaurante vai além de apenas servir as refeições, mas oferecerá também oficinas de aproveitamento integral de alimentos, educação alimentar, preparo e manipulação. “Será um espaço para promover a saúde e oferecer educação nutricional à população. Também planejamos instalar uma panificadora-escola no local, para capacitar as famílias e vender os produtos no bairro”, afirma Gimenez.
“São projetos que serão importantes para ajudar as famílias principalmente no pós-pandemia, quando haverá necessidade de ofertar comidas baratas e de qualidade e também uma formação que as ajude a superar a crise”, ressalta.
FECHANDO O CICLO – Outro projeto que está sendo implantado pelo município também será alimentado pelo Restaurante Popular. Desta vez, pelos resíduos produzidos em sua grande cozinha, que vão retornar na forma de adubo para os produtores rurais que fornecem os alimentos. Somente o Banco de Alimentos descarta cerca de 120 toneladas de resíduos orgânicos por mês, que terão uma destinação correta com a compostagem.
“As sobras tanto do restaurante, quanto do Banco de Alimentos, que iriam para o aterro sanitário, passarão por um processo de compostagem. O adubo que resulta deste processo vai ser doado aos produtores”, explica. “Estamos fechando o ciclo da alimentação. Os mesmos agricultores que produzem a comida que é destinada às famílias vão receber o composto orgânico produzido com as sobras, que será empregado na produção de mais comida”, completa Gimenez.
Com AEN