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'Faça essa dor parar', pede irmão de George Floyd ao Congresso americano

10 jun 2020 às 19:35
Por: Estadão Conteúdo

Philonise Floyd, irmão de George Floyd, homem negro que foi sufocado até a morte enquanto era detido pelo policial branco Derek Chauvin, pediu nesta quarta-feira, 10, para que o Congresso aja para evitar que o assassinato tenha sido "em vão" e que se pergunte o quanto "vale a vida de um negro".

"Estou cansado da dor que sinto agora, da dor que sinto sempre que matam outro negro sem nenhum motivo. Estou aqui para pedir que façam isso parar. Parem a dor. Façam com que não fiquemos cansados", disse Philonise Floyd em emocionante depoimento diante da Comissão de Justiça da Câmara dos Deputados.

O irmão caçula argumentou que George Floyd "não merecia morrer por US$ 20", ao se referir ao provável uso da nota falsa que provocou a detenção.

"Eu pergunto a vocês, é isso o que vale a vida de um homem negro? Vinte dólares? Estamos em 2020, basta. O povo que protesta nas ruas está dizendo que basta. Sejam os líderes que este país e este mundo necessitam", declarou.

"Depende de vocês garantir que a morte dele não foi em vão. Honrem a memória de George fazendo as mudanças necessárias para que as forças de segurança sejam a solução, não o problema. Façam com que prestem contas quando fizerem algo ruim", afirmou.

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Philonise pediu para que os policiais aprendam "o que significa tratar o povo com empatia e respeito, o que é a força necessária e que a força letal só deve ser usada em raras ocasiões e quando a vida está em perigo".

Dois dias depois que os democratas anunciaram um projeto de reforma da "cultura" dentro da polícia para encerrar os casos de brutalidade e racismo, essa comissão da Câmara - também controlada pela oposição - vai analisar a situação.

A Polícia tem sido o centro das atenções desde a morte de Floyd, em 25 de maio. As imagens nas quais pode-se ouvir Floyd gritar "Não consigo respirar" levaram ao maior movimento de protesto nos Estados Unidos desde o assassinato de Martin Luther King Jr. em 1968.

O presidente da comissão, Jerrold Nadler, disse no início da sessão que todos os dias nos Estados Unidos, a população negra e outras minorias vivem com medo.

"A história do racismo em nosso país e a violência motivada pelo racismo estão no pecado original da escravidão que continua assombrando nossa nação", disse o legislador democrata, que pediu para lembrar que Floyd é mais do que uma causa e um nome gritado nas manifestações.

O legislador republicano de mais alto escalão da comissão, Jim Jordan, admitiu que é hora de uma discussão real sobre o tratamento policial dado aos afro-americanos. "Os assassinos do seu irmão vão enfrentar a justiça", disse Jordan a Philonise Floyd.

Das 1.098 pessoas mortas nos Estados Unidos pela Polícia em 2019, um quarto era de negros, de acordo com o portal de mapeamento de violência política. Os afro-americanos no país representam menos de 13% da população.

Um registro de violência

Diante do debate nacional, a polícia de Houston proibirá a imobilização com asfixia e a corporação de Minneapolis será desmontada para ser reformada e refundada.

No nível federal, a Lei de Polícia e Justiça - que conta com o apoio de mais de 200 legisladores democratas - busca criar um registro de agentes que cometem abusos, facilitar seu processo e repensar os processos de seleção e treinamento.

O futuro desse processo, entretanto, é incerto caso os democratas não consigam o apoio dos republicanos, que dominam o Senado, e do presidente Donald Trump, que condenou a morte de Floyd, mas deu seu apoio expresso à Polícia.

Reformas antirracistas nos EUA

O chefe da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, anunciou na terça-feira que instruiria o senador negro Tim Scott a avaliar o projeto.

Nos Estados Unidos - onde existem cerca de 18 mil entidades policiais autônomas, incluindo órgãos municipais eleitos e xerifes de condado -, a articulação de uma reforma dessa proporção é complexa.

O agente acusado Derek Chauvin, de 44 anos, foi preso pelo assassinato e está encarcerado em uma prisão de alta segurança. Três de seus ex-colegas envolvidos na prisão também foram acusados de cumplicidade. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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