O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse, em entrevista ao jornal The Washington Post, que é um "sobrevivente" da luta da oposição e seus aliados em Washington para derrubá-lo, permanece confortavelmente no poder e está aberto a negociações diretas com os EUA.
Esta é a primeira entrevista de Maduro a um importante meio de comunicação americano desde fevereiro de 2019, quando expulsou todos os jornalistas da Univision da Venezuela.
"Se houver respeito entre os governos, não importa o tamanho dos EUA, e se houver um diálogo, uma troca de informações verdadeiras, tenha certeza de que podemos criar um novo tipo de relacionamento", declarou Maduro. O líder socialista afirmou que está pronto para negociar com Washington o fim das sanções impostas pelo presidente Donald Trump com o objetivo de sufocar a indústria petrolífera venezuelana e forçar Maduro a deixar o poder.
O presidente venezuelano disse que, caso Trump suspenda as sanções, as empresas de petróleo dos EUA poderão se beneficiar muito do petróleo da Venezuela. "Uma relação de respeito e diálogo traz uma situação em que todos ganham. Uma relação de confronto traz uma situação em que todos perdem. Essa é a fórmula."
Os EUA e mais de 50 países reconhecem o líder da oposição Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela. Guaidó, que se proclamou presidente interino há um ano, alegando que a reeleição de Maduro, em 2018, tinha sido fraudada.
A Venezuela está passando pela pior crise social e econômica de sua história recente. O FMI estima que a inflação na Venezuela chegue este ano a 500.000%.
Segundo a ONU, 4,5 milhões de venezuelanos deixaram o país desde o final de 2015. Mas, apesar da catástrofe humana e das duras sanções dos EUA, Maduro mantém o poder com o apoio dos militares, além da ajuda de Rússia, China e Cuba.
Na entrevista, o presidente venezuelano também expressou sua disposição de falar com Guaidó, mas pareceu rejeitar a principal reivindicação do opositor: sua renúncia. A Noruega intermediou conversações entre representantes de Maduro e Guaidó, mas as reuniões foram interrompidas em agosto.
No início do mês, os EUA manifestaram apoio às negociações na Venezuela e disseram que as conversas podem estabelecer um governo de transição, levar a novas eleições e acabar com a crise política que afeta o país e seus 30 milhões de habitantes. (Com agências internacionais).
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.