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Opositores russos preveem aumento de repressão estatal após a Copa

16 jul 2018 às 08:35
Por: Estadão Conteúdo

Passada a euforia da Copa do Mundo, a Rússia se volta para antigos problemas externa e internamente. Enquanto o presidente Vladimir Putin se reúne nesta segunda-feira, 16, com o americano Donald Trump na Finlândia, a oposição russa e ativistas de direitos humanos estão preocupados com o aumento da repressão.

Opositores temem que o Kremlin use o êxito da Copa para manter ativo o sistema de segurança adotado no torneio, sentindo que tem um cheque em branco para ampliar a repressão. Nos últimos 30 dias, prisões foram feitas sob a justificativa de resguardar a segurança da Copa do Mundo. Ainda não se sabe quantos foram presos ou detidos.

Tanya Lokshina, representante da entidade Human Rights Watch, afirma que só não ocorreram mais protestos durante a Copa em razão da operação rápida da polícia. "Vimos vários casos de pessoas detidas, inclusive por protestar em silêncio e individualmente", disse. "O argumento era de que esses protestos não poderiam ocorrer para evitar ameaçar a ordem pública", explicou Tanya.

Segundo ela, no dia 8 um casal de ativistas foi detido por levar um cartaz para uma região central de Moscou pedindo liberdade ao opositor político na Chechênia Oyub Titiev. "Estimamos que uma dezena de casos assim ocorreram", completou. Os detidos eram Svetlana Gannushkina, que chegou a ser cotada para o prêmio Nobel da Paz, e Oleg Orlov, diretor de uma ONG. Durante a Copa, Titiev teve sua prisão estendida até dezembro.

Arma de propaganda de Putin, a Copa levou o governo a proibir manifestações, inclusive protestos por um só indivíduo e em silêncio. Houve censura na divulgação de boletins de polícia e os jornais e discursos oficiais fizeram proliferar mensagens patrióticas.

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Ao jornal O Estado de S. Paulo, um dos líderes dos movimentos jovens de oposição, Dmitri Makarov, disse acreditar que o torneio permitiu que a população sentisse pela primeira vez "um pouco do gosto da liberdade". "A distração do futebol tem um limite e, com o fim do evento, nossa esperança é de que a população reaja com maturidade", afirmou. "O evento termina, mas nossos problemas continuam", constatou.

O tom do Kremlin, e mesmo da Fifa, era de que o mundo havia descoberto uma "outra Rússia". Domesticamente, porém, a situação é mais complexa.

O rígido esquema de repressão não impediu um protesto contra Putin na final do torneio. Quatro pessoas vestidas de policiais invadiram o gramado e correram para lados diferentes. A transmissão oficial parou de exibir as imagens. O grupo Pussy Riots reivindicou responsabilidade pelo protesto que pretendia denunciar o estado de segurança criado n a Copa e pedia o fim da repressão na Rússia.

Reformas

A ofensiva contra manifestantes não ocorreu apenas durante o torneio. Em abril, 1,6 mil pessoas estavam detidas por diferentes motivos relacionados com a segurança. Mesmo com a euforia da Copa, Putin teve uma queda em sua popularidade e sumiu dos estádios. O motivo: a elevação da idade mínima da aposentadoria e o aumento de impostos.

Questionado pela reportagem, Arkadi Dvorkovich, vice-primeiro-ministro russo, negou que a proposta sobre a aposentadoria tenha sido divulgada propositalmente no momento de euforia do futebol. "Trabalho há seis anos no governo e isso (reforma) foi objeto de várias discussões por anos. Em 2018, tivemos uma eleição e a Copa coincidiu com um período de mudança de governo. É natural que o novo governo esteja fazendo reformas. Mas elas foram preparadas antes e não há relação direta com a Copa. Foi uma coincidência", disse.

Ironizando sobre a elevação da idade da aposentadoria, Dvorkovich comparou os trabalhadores com jogadores de sua seleção que se aposentarão depois da Copa. "Alguns jogadores hoje se aposentam com 38 anos, uma idade elevada para atletas", justificou. "Novas tecnologias e medicina permitem trabalhar mais", completou.

Mas o discurso do Kremlin e o êxito do futebol não foram suficientes. Segundo o instituto VTsIOM, a aprovação de Putin caiu de 72% para 63%. O instituto FOM apontou que, se as eleições fossem hoje, Putin não teria 68% dos votos, e sim 49%. Se não bastasse, um abaixo-assinado coletou 2,7 milhões de apoio contra suas reformas.

É com o peso dessa impopularidade e a pressão do indiciamento pela justiça americana de 12 espiões russos acusados de hackear a campanha de Hillary Clinton que Putin chega nesta segunda à Finlândia para o encontro bilateral com Trump.

Debates

A realização da Copa do Mundo na Rússia permitiu uma nova perspectiva do país pelos próprios russos, segundo Tanya Lokshina, representante da entidade Human Rights Watch.

"Por anos, o governo tentou colocar a ideia na cabeça da população de que o mundo estava contra a Rússia. Depois de beber e festejar junto, a população descobriu que esses estrangeiros talvez não sejam tão malvados e o país não está cercado por inimigos", disse.

Os organizadores da Copa dizem que a presença de 700 mil estrangeiros mostrou uma nova realidade que aos russos.

Foram tolerados encontros de grupos pelas ruas, que em dias normais são dispersados diante do risco de ser um ato da oposição, e as autoridades fizeram vistas grossas às bebidas pelas ruas, também proibido em épocas sem jogos.

O esforço do Kremlin em mostrar que não viola direitos humanos permitiu algo impensável: a abertura de espaços "oficiais" para o debate de assuntos relacionados com minorias e LGBT.

"Nossa esperança é de que esses espaços e avanços sejam mantidos pelos grupos locais", afirma Piara Powar, diretor executivo da entidade Fare, parceira da Fifa em assuntos relativos à discriminação.

Após a Rússia ser desclassificada nos penâltis contra a Croácia, o líder da oposição Alexei Navalni colocou nas redes sociais um agradecimento ao time nacional. "Obrigado, garotos. Vocês nos fizeram gritar Rússia juntos", afirmou.

Para muitos, os momentos de união acabaram com o apito final. O governo também deixou claro: as regras sobre manifestações não mudarão depois da Copa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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