A pandemia do coronavírus é a crise mais desafiadora que o mundo enfrenta desde a Segunda Guerra Mundial. É o que aponta a Organização Mundial das Nações Unidas (ONU). De acordo com o organismo internacional, a crise atual tem o potencial de levar a "maior instabilidade, maior agitação e aumento do número de conflitos" pelo mundo. "Isso é muito mais que uma crise de saúde", diz o relatório. "O coronavírus está atacando as sociedades em sua essência."
O alerta foi lançado pelo secretário-geral da ONU, António Guterres na terça-feira, 31, no lançamento de um relatório sobre os impactos socioeconômicos da pandemia e de medidas para combater o coronavírus.
O novo relatório, "Responsabilidade compartilhada, solidariedade global: respondendo aos impactos socioeconômicos da COVID-19", descreve a velocidade e a escala do surto, a gravidade dos casos e a interrupção social e econômica do coronavírus.
Algumas projeções da ONU indicam que o mundo poderá ter 1 milhão de casos confirmados até o fim de semana. "Estamos enfrentando uma crise de saúde global diferente de qualquer outra nos 75 anos de história das Nações Unidas - uma crise que está matando pessoas, espalhando o sofrimento humano e acabando com a vida das pessoas", disse o relatório da ONU.
"Por um lado, é uma doença que representa uma ameaça para todos no mundo e, por outro, tem um impacto econômico que trará uma recessão sem paralelo, provavelmente no passado recente", disse Guterres durante uma entrevista coletiva virtual nas Nações Unidas.
Assim, "a combinação dos dois fatos e o risco de contribuir para maior instabilidade, maior descontentamento e maior conflito são coisas que nos fazem acreditar que esta é realmente a crise mais difícil que já enfrentamos desde a Segunda Guerra Mundial", disse Guterres.
"Esta crise humana exige ação política coordenada, decisiva, inclusiva e inovadora das principais economias do mundo - e apoio financeiro e técnico máximo para as pessoas e países mais pobres e vulneráveis", afirma o relatório.
Guterres pediu "uma resposta imediata coordenada para suprimir a transmissão e acabar com a pandemia" que "aumente a capacidade dos sistemas de saúde para testes, rastreamento, quarentena e tratamento, mantendo os socorristas em segurança, combinados com medidas para restringir o movimento e o contato".
Ele ressaltou que os países desenvolvidos devem ajudar os menos desenvolvidos, ou "enfrentar o pesadelo da doença que se espalha como fogo no sul do mundo com milhões de mortes e a perspectiva da doença ressurgir onde foi suprimida anteriormente". "Lembremos que somos tão fortes quanto o sistema de saúde mais fraco neste mundo interconectado", enfatizou. (Com agências internacionais).