Os serviços de inteligência dos EUA concluíram que o novo coronavírus teve origem na China, mas "não foi criado pelo homem". "A comunidade de inteligência concorda com o consenso científico de que o vírus não foi feito pelo homem ou geneticamente modificado", disse um comunicado assinado por Richard Grenell, diretor de inteligência nacional.
A conclusão derruba teorias conspiratórias veiculadas por ativistas anti-China e alguns apoiadores do presidente dos EUA, Donald Trump, insinuando que o novo coronavírus foi desenvolvido por cientistas chineses em um laboratório de armas biológicas, do qual acabou escapando.
"A comunidade de inteligência continuará a examinar rigorosamente as informações que surgirem para determinar se o surto começou por meio do contato com animais infectados ou se foi o resultado de um acidente em um laboratório de Wuhan", diz o texto.
Segundo a imprensa americana, Trump pediu aos serviços de inteligência que determinassem a origem do vírus, atribuído a um mercado de Wuhan, antes do surgimento de suspeitas de falha de segurança em um laboratório daquela cidade. O comunicado de ontem foi divulgado depois que o presidente americano afirmou não descartar a possibilidade de pedir uma compensação ao governo de Pequim pela pandemia.
Segundo pesquisa recente da Pew Research, 29% dos americanos acreditam que o vírus tenha sido criado em laboratório e, destes, 23% acham que ele foi disseminado intencionalmente.
Autoridades americanas, no entanto, com base em relatórios e análises de inteligência, estão dizendo há semanas que não acreditam nas teorias conspiratórias. Na quarta-feira, a rede de TV NBC informou que a Casa Branca tinha ordenado a todas as agências de espionagem que "varressem" as comunicações interceptadas, dados e imagens por satélite para averiguar se a China e a Organização Mundial de Saúde (OMS) esconderam no início informações sobre o que mais tarde se tornou uma pandemia.
Trump, que culpa a China pela crise de saúde global, disse ontem acreditar que a maneira como o governo chinês está lidando com o coronavírus prova que ele "fará tudo o que puder" para impedi-lo de se reeleger em novembro.
Na China, também há teorias conspiratórias e algumas autoridades promoveram a ideia de que os soldados americanos introduziram o vírus no país durante sua participação nos Jogos Mundiais Militares de Wuhan, em outubro.
Em entrevista no Salão Oval, Trump falou ontem da China com dureza e afirmou que está estudando diversas opções contra o país. "Posso fazer muita coisa", afirmou, sem dar detalhes. "Acabamos de ser atingidos por este vírus atroz que nunca deveriam ter permitido que escapasse da China. Eles (os chineses) deveriam tê-lo detido na origem - e não o fizeram", disse o presidente.
Ele se reuniu ontem com os diretores de alguns departamentos do governo para estudar possíveis represálias contra a China. Segundo fontes que participaram da discussão, entre as opções estão sanções e a suspensão de pagamentos devidos pelos EUA, além de novas restrições comerciais. Os serviços de inteligência, portanto, estariam sofrendo enorme pressão da Casa Branca para encontrar alguma coisa que justifique a reação americana. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)