“Nós estamos trabalhando, estamos treinando, só estamos aguardando ele. Só isso. Ele não vem, faz tempo que ele não aparece no nosso plantel, no grupo, então não tenho muito o que falar…”
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Direto como sempre, o técnico Alemão mais uma vez falou sobre o atacante Dagoberto. A resposta acima foi destinada aos jornalistas na única atividade da semana aberta à imprensa, na terça-feira. Para não ficar em cima do muro, assumo que aprovo a postura do treinador.
O atacante Dagoberto tem qualidade técnica indiscutível, é o maior vencedor individual do Campeonato Brasileiro, foram cinco taças. No ano passado, ele foi o artilheiro do Londrina na Série B, com 18 gols. Detalhe: jogou apenas metade da competição, por causa de uma lesão logo na primeira rodada da segunda divisão de 2018.
Mudou o ano e a tolerância com o jogador por parte da diretoria alviceleste só aumentou. Com o histórico descrito acima, quem não aceitaria as exigências de Dagoberto?! Ainda mais se levarmos em conta que o Tubarão não paga salários astronômicos e também não costuma contratar estrelas. Principal pedido do astro: passar três meses de férias e se apresentar aos treinos apenas para a Série B.
A pressão sobre o atacante, que neste ano fez apenas um gol e disputou apenas quatro jogos, seria muito maior se a molecada revelada pelo clube, boa parte já negociada com o futebol português, não resolvesse os problemas por aqui.
Foi com elenco chamado pela própria diretoria na pré-temporada de time B que o Tubarão chegou de maneira inédita à quarta fase da Copa do Brasil, alcançou uma campanha razoável no Paranaense e permaneceu no G4 durante as oito rodadas iniciais da Série B do Brasileiro.
O jovem meia Luquinha, autor de quatro gols, foi para o Portimonense, de Portugal. O mesmo destino teve o lateral Felipe, líder de assistências no ano, cinco no total. O atacante Marcelinho, que balançou as redes adversárias três vezes, fechou com o Marítimo, também de Portugal. A turma que resolvia, ‘deu linha na pipa’. Hora para Dagoberto mostrar que estava “na ponta dos cascos”. Correto? Errado!
O torcedor que esperava ver o experiente atleta em campo na retomada da Série B, após mais de um mês de recesso por causa da Copa América, viu uma perdida em Ponta Grossa, contra o Operário, sem Dagoberto em campo. O resultado foi a segunda derrota consecutiva na Série B. O Londrina saiu do G4 pela primeira vez na competição. No mesmo fim de semana, pessoas mais próximas do jogador viram o atacante atacar em outro campo, o do futevôlei. É nesta modalidade que ele, constantemente, é visto em quadras de areia da cidade.
A aparente falta de comprometimento reflete no semblante e nas poucas palavras do treinador alviceleste quando responde algo sobre o assunto. Dagoberto apareceu para treinar com o restante do elenco somente neste semana, depois de tratamento fisioterapêutico particular fora do CT da SM Sports, permitido pela diretoria.
Fico aqui pensando em qual seria a reação de um atacante “comum” que está ‘ralando a bunda no gramado’ todos os dias ao ver que Dagoberto chega para treinar durante uma semana, ganha a camisa 10 e se torna titular. Em uma situação normal, seriam enormes as chances de Alemão perder o controle que tem sobre o atual grupo de trabalho. Será que isso vai ocorrer? Pouco provável, mas como não sou a Mãe Diná, não é possível prever o que vai rolar.
Além de Dagoberto, o elenco tem mais trinta e poucos jogadores. O comando técnico precisa ter cuidado com as atitudes. Além disso, a instituição Londrina Esporte Clube está acima do jogador e deve ser respeitada. O Dagol, como é chamado pelos fãs, já comunicou que esta é a última temporada dele como jogador profissional.
O que o atacante quer, sinceramente, eu não sei. O que o torcedor quer, eu desconfio. O sonho deve ser o acesso para a Série A. Se isso virar realidade com uma estrela do nível de Dagoberto artilheiro novamente, a alegria seria ainda mais intensa. Eu também desconfio o que o torcedor não deseja: lembrar que no último ano da carreira de jogador de futebol profissional, Dagoberto fez mais a diferença no futevôlei do que no Londrina Esporte Clube… e sem o acesso para a elite do futebol nacional.
Bônus Track
Encerro este texto com mais um trecho da entrevista do técnico Alemão, ao falar sobre Dagoberto:
“Quantas entrevistas eu dei falando aqui que eu conto com ele, que ele é um cara importante e falando que ele vai ser útil para nós? Não preciso falar mais nada”
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