Política

Eu apoio a paralisação do Brasil com argumentos

28 mai 2018 às 09:06

A mobilização nacional contra os abusos, a incompetência e a roubalheira da máquina pública brasileira tem sofrido duros ataques da mídia nacional. Estão atribuindo aos manifestantes, aqueles que estão nas estradas ou simplesmente parados em casa, a culpa por falta de remédios e o cancelamento de cirurgias. A mídia nacional está sim, aplicando ao povo que aderiu as manifestações (não apenas aos caminhoneiros), a responsabilidade das consequências, esquecendo por vezes a causa.

Acorda Brasil, a culpa desse desabastecimento generalizado não é dos manifestantes, mas de quem foi responsável pelo aumento de 50% dos combustíveis em menos de 12 meses, enquanto a inflação beirou os 3%. E o governo, no alto de sua arrogância, vem a público dizendo que não vai mexer na política de preços da Petrobrás, ou seja, a maioria tem que engolir o que o governante quer, um legítimo exemplo de totalitarismo disfarçado por uma pseudo democracia. É impossível não comparar tal ato com o período da idade média, onde os tributos ultrapassavam por vezes a capacidade contributiva do povo e os que eram contra sentiam a mão pesada do Estado, sentiam a mão pesada do Rei. Alguém avise o Temer que ele não é rei, mas presidente.  

Como pode o presidente achar que tem força contra o povo? Toda sua inteligência diante de nossa constituição, como jurista constitucionalista que é, não foi suficiente para lhe garantir o raciocínio lógico, que ao meu ver, falhou feio em suas últimas decisões. Não adianta invocar o artigo 5º, inciso 25, da Constituição Federal, que permite ao Estado tomar posse dos bens do povo (caminhões), se o Estado não tiver motoristas suficientes para conduzi-los. A matemática não permite blefes senhor presidente, e esse blefe, jogar o Exército pra cima do povo, foi respondido com o tradicional “seis, ladrão”, os jogadores de truco entenderão.

Nem mesmo o blefe das cabeças de redes das emissoras de TV, numa evidente tentativa de jogar a maioria contra os manifestantes, funcionou. Mais uma vez o raciocínio lógico falhou. O povo tende a torcer pelo mais fraco e o mais fraco é o povo.

O que custou ou custa mais caro ao Brasil e seu povo? Décadas de roubalheira e principalmente incompetência na administração pública, ou sete dias de greve? O que custa mais caro para o povo? A perpetuação de uma saúde pública falida ou sete dias de greve? Olhando para o passado, para o presente e para o futuro, me parece não haver dúvidas de que, por maior que sejam as perdas em virtude dessa mobilização nacional, elas jamais vão ultrapassar tudo o que já perdemos e ainda podemos perder. Então, diante disso, só me resta colocar na balança os danos sofridos pela paralisação geral provocada pelos manifestantes e a paralisação camuflada provocada pela incompetência e roubalheira na administração pública. Não tenho mais dúvidas, eu apoio os “caminhoneiros” eu apoio um novo Brasil.