Aos olhos dos burocratas, quem mora em ocupações é invisível. Para eles, lá não existem corações, mentes, desejos, sonhos, carências e miséria.
Não se leva água encanada, energia elétrica, transporte público, moradia em áreas irregulares. Numa crise sanitária sem precedentes que ajudou a arruinar a economia e ampliar as desigualdades, ainda se ouve esse tipo de frase."Não podemos fazer nada por ser área irregular".
O transporte de alunos da invasão do flores do campo- inclusive com uniforme da rede municipal - feito pela família Boca Aberta no início desta semana, reacende a discussão sobre as responsabilidades, direitos fundamentais e direitos humanos.
Pais, responsáveis e alunos que pouco ou nada têm, se rendem as políticas assistencialistas com viéis político-eleitoral. E aqui o objetivo não é estabelecer o tribunal das redes sociais e submeter os atores a julgamento.
É hora de verificar se cada agente público está cumprindo o seu papel de levar políticas públicas aos mais necessitados. E se não, cabe ao Ministério Público entrar em cena com suas recomendações e se for o caso ações judiciais pertinentes a cada caso.
No tema transporte escolar, a CMTU vistoria e aprova veículos como vans- por eemplo- para levar centenas de estudantes todos os dias para escolas e colégios. Só que esse transporte é privado. Contrata quem tem condições. Os olhares não estão voltados às famílias, cujas crianças, sequer estão matriculadas por não ter acesso a esse modal. Pais pobres, submetem seus filhos, a longas caminhadas à pé em sol escaldante para chegar à sala de aula.