Política

Richa x Berenice

23 ago 2017 às 17:37

O mi mi mi entre o Governador Beto Richa (PSDB) e a reitora da UEL Berenice Jordão não está trazendo qualquer vantagem para a sociedade que em última instância deveria ser beneficiada com serviços e produção acadêmica da comunidade universitária. Museu Histórico, Ouro verde e Hospital Veterinário estão com serviços ameaçados por falta de recursos e pessoal. E isso é apenas a ponta de uma decadência crônica entranhada no campus. É nítido que Richa está apoiado no Tribunal de Contas presidido pelo ex-secretário e aliado Durval Amaral para aplicação do Sistema de Recursos Humanos META 4 (software que controla gastos com funcionalismo). A reitora diz que o Conselho Universitário se recusa a aderir ao programa. Berenice sofre pressão do corporativismo sindical que domina parte dos fóruns de debates na instituição e não quer perder o TIDE – Tempo integral de dedicação exclusiva, além de outros benefícios. A alegação é de que o META 4, vai tirar a autonomia universitária. Questionado sobre a falta de servidores da instituição, Richa declarou que a UEL quer autonomia para gastar, mas não para pagar. A reitora rebateu dizendo que o governador está equivocado com as informações sobre a UEL e disse que a universidade tem um déficit de 841 servidores. A origem dessa “rixa” está no bloqueio de R$6 milhões da UEL ordenado pelo palácio Iguaçu. No início do ano, a Comissão de Política Salarial do governo deliberou que todas as decisões sobre concessão de TIDE, licenças, afastamento para cursos e outros, dependem de autorização desse comitê. É ai que o bicho pega. De acordo com o site da transparência, algumas concessões representam quase metade do salário de professores. Quem quiser conhecer melhor basta acessar lá: www.transparência.pr.gov.br. Todas essas vantagens são previstas em lei, mas será que são morais? Não se trata de julgamento simplista se o docente ou servidor merece ou não receber R$35 mil ou até R$50 mil por mês, mas abrir um debate sobre quais critérios sustentam esse impacto financeiro. É hora de abrir também uma ampla discussão sobre benesses do Judiciário, Ministério Público e outros setores. O governo tem suprido essa insaciável fome por reajustes, Há de se lembrar também os frequentes “pacotões” que o governo tem aprovado na assembleia legislativa com objetivo de gerar receita e deixando a conta para o cidadão aumentado a carga tributária do povo paranaense. Richa diz que sem os “ajustes” o Paraná estaria quebrado como Rio de Janeiro. O governo poderia ter discutido o meta 4 com as IES e deixado canal de diálogo aberto para discutir com seriedade o fim das mazelas que deixam a máquina cada vez mais cara.

UEL em números

O orçamento geral da UEL é de R$ 920 milhões. R$ 762 milhões vem do governo. Só a folha de pagamento consome R$ 746 milhões. R$ 16 milhões vão para custeio. A Uel tem 1.660 docentes e 1.774 técnicos de saúde e 1.644 técnicos de ensino.