Jornalistas que cobrem o dia a dia em Brasília certamente estão acostumados com a rotina da vida política brasileira e já olham como “normal” o jogo do poder no Congresso Nacional. Tipo “isso aqui é assim mesmo”.
Mas um repórter pé vermelho não poderia passar despercebido por alguns detalhes que colhi numa permanência de poucas horas na câmara federal por conta da cobertura que eu e o repórter cinematográfico Valdemar Loredo fizemos por lá.
A câmara tem 513 deputados. E orçamento de R$6 bilhões de reais/ano. Cada deputado tem verba de R$98 mil, direito a 20 assessores em regime especial próprio de livre nomeação. Ou seja, não há necessidade de concurso. Cada um põe lá quem quiser. Inclusive nas bases (cidades de origem). Desde uma secretária até um assessor jurídico qualificado.
Só pra efeito de comparação o orçamento da prefeitura de Londrina é cerca de R$2 bilhões/ano com estrutura de 10 mil servidores que atendem uma cidade com quase 600 mil habitantes.
Os deputados, bem como senadores e ministros têm translado aéreo garantido. Quem já teve o privilégio de fazer uma viagem dos sonhos para o nordeste por exemplo, pode calcular quanto custa ao erário levar os nobres para cima e pra baixo.
Em países mais civilizados essa regalia só cabe ao presidente da república, primeiro ministro, e aos presidentes de cada poder.
Mas tem coisa pior. A assembleia legislativa do Paraná que tem 54 deputados (menos de 10% da câmara federal) Têm orçamento de R$2 bilhões.
Também se vê nos corredores do congresso seguranças da polícia legislativa, seguranças de empresas privadas e ainda polícia federal controlando o acesso das pessoas. Sem falar no desfile de verdadeiras modelos abrigadas em gabinetes e divisões do congresso.
Só no gabinete do presidente da casa Rodrigo Maia havia quatro.
Por ai que se percebe que a luta pelo voto é sanguinária nas bases. Quem se acostuma com isso e perde uma eleição sofre um colapso pelo fim da mamata. No Brasil, a principal mudança não está em regime, e sim na cultura política e social.
Olhar pra uma situação como a flores do campo onde há tantas famílias necessitadas e saber que se desperdiça tanto dinheiro com mordomias é no mínimo revoltante para qualquer cidadão com mínimo de discernimento.