A tragédia na PR 445 que tirou a vida de quatro mulheres teve como causas os fatores já conhecidos como imprudência, excesso de velocidade, não adoção de direção defensiva e falta de atenção. Passarão anos, e esses serão motivos enquanto a metodologia de educação de trânsito não estiver relacionada com o dia a dia com a atitude. São variáveis relacionadas ao condutor.
Os índices de acidentes provocados por causas mecânicas são pífios perto dos causados pela irresponsabilidade dos condutores. Dados da polícia rodoviária federal no último feriado prolongado revelam que mais de 70% dos acidentes fatais tiveram como causa a falta de atenção potencializada pela alta velocidade. A maioria ocorreu em rodovias bem sinalizadas, em boas condições atmosféricas e de dia.
O fator trânsito é intimamente ligado ao comportamento humano e suas variantes. O estado do motorista determina a qualidade da sua condução. Há inúmeros estudos (que podem ser acessados em portais de órgãos oficiais) que mostram a associação clara entre as colisões e o perfil psicológico do condutor.
Pegamos o carro para ir ao trabalho, ao shopping, ao supermercado, a escola, e pra onde está voltada a atenção? Diversas reportagens já revelaram que muitos motoristas provocam acidentes porque estava mandando mensagens por aplicativos de smartphones, ou fuçando em redes sociais. Isso sem falar naqueles que ingerem bebida alcóolica antes de dirigir. E ai não sabemos porque pagamos tanto imposto.
Além da corrupção nossa de cada dia protagonizada por políticos, servidores públicos e empresários safados, pagamos uma montanha de dinheiro para arcar os bilionários custos hospitalares, pós hospitalares e de reabilitação de vítimas de acidentes. Pergunte ao governo quanto ele gasta com ambulâncias, helicópteros e equipamentos de apoio.
Um estudo inédito do Centro de Pesquisa e Economia do Seguro da Escola Nacional de Seguros, estima que, só em 2016, o prejuízo com a violência no trânsito foi de R$ 146,8 bilhões. Em 2016, foram 33.347 mortes e 28.032 de casos de invalidez permanente — ainda assim, uma queda de 32,35% em relação a 2015, quando foram registrados 42.501 mortes e 57.798 casos de invalidez permanente, um custo estimado de R$ 217,11 bilhões, ou 3,7% do PIB. E as campanhas educativas apresentam poucos resultados. Estamos na semana do trânsito repetindo peças publicitárias e inúmeras ações educativas no rádio, tv e internet, mas isso ainda é pouco.
O trânsito é cada segundo, cada metro. O trânsito é movido pelo motorista que tem horários, dívidas, raiva, ódio, frustrações, e etc. Alguém que foi traído, por exemplo, pode destilar sua “ira” no próximo. O mesmo com quem acabou de ser demitido, ou se separou, enfim. Uma “fechada” na rua. Um olhar desafiador ao motorista do lado pode terminar em briga de trânsito.
Às autoridades cabe estabelecer uma legislação eficaz, boa sinalização viárias, ótimas vias (de preferência sem pedágio) e um sistema de vigilância, controle e fiscalização eficiente eliminar suas responsabilidades institucionais da carnificina diária das ruas e estradas. Mas quem vai determinar se tudo isso funciona é a pecinha atrás do volante. Até que os autônomos nos separe.