Política

ZR3: nem sempre o ataque é a melhor defesa

11 jul 2018 às 10:05

Você já ouviu a frase que o “ataque é a melhor defesa”? Nem sempre isso é verdade. Por vezes adotar essa estratégia pode expor ainda mais seus erros, caráter E fragilidades. Em Londrina temos acompanhado uma série de ataques a operação ZR3, deflagrada pelo Gaeco para investigar possíveis crimes cometidos por uma suposta organização criminosa em mudanças de zoneamento na cidade.

Esses ataques começaram com mais contundência na última sexta-feira (06), quando integrantes da Comissão Processante da ZR3, na Câmara de Vereadores, se reuniram para ouvir testemunhas e uma das vítimas do caso. Essa vítima é o agricultor Junior Zampar, que prontamente atendeu o pedido dos vereadores e compareceu, sem ao menos levar um advogado, já que como vítima pensou não precisar.

Não demorou muito para que a frase, a qual iniciei este texto, começasse a ser colocada em prática. Vieram os ataques. O advogado do vereador afastado e réu na operação ZR3, Rony Alves, surpreendeu a todos com um pedido de prisão contra Zampar pelo crime de falso testemunho. O advogado acredita que Zampar entrou em contradição no depoimento dado a CP em relação ao que disse ao Ministério Público. Outros advogados saíram da oitiva disparando para todos os lados que Zampar seria um mentiroso. A fumaça provocada pelo ataque mal tinha se dissipado e já dava pra ver que era só fumaça mesmo, ou falácia, como preferir. Uma vítima jamais poderá ser presa por crime de falso testemunho, pelo simples fato de não ser uma testemunha, mas vítima. No aspecto jurídico os compromissos firmados pela vítima e pela testemunha são completamente diferentes. Além disso, suposta contradição entre o apresentado na denúncia feita pelo Ministério Público e o depoimento dado por Zampar não significa que ele (Zampar) tenha mentido, existem inúmeras outras possibilidades que podem causar isso.

Não bastasse o episódio de sexta-feira os ataques continuaram. O advogado do réu Rony Alves partiu pra cima do delegado do Gaeco, Alan Flore, prometendo denunciá-lo à corregedoria da polícia civil por suposta intervenção em um processo administrativo, como é denominado uma comissão processante. O ataque do advogado veio depois que o delegado abriu inquérito policial para investigar suposto crime de coação no decorrer do processo que teria ocorrido na sexta-feira. Lembrando que pelo ordenamento jurídico brasileiro, coagir com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo resulta em pena de reclusão, de um a quatro anos, e multa. Não precisa muito conhecimento pra entender que toda a autonomia dada aos legisladores em um processo administrativo não anula o código penal, de processo penal e a Constituição Federal. A coação no decorrer do processo judicial não deixa de ser crime só porque foi cometido nas oitivas de em um processo administrativo. Se assim fosse, um delegado não poderia investigar ou prender alguém por ter praticado homicídio durante as oitivas de uma comissão processante. Obviamente não há lógica nisso.

Ataques dessa natureza, na minha opinião, funcionam como tiro de festim, só fazem barulho, não produzem efeito prático algum e mostram que quem atira na realidade não tem munição. Por isso concluo como comecei, nem sempre atacar é a melhor defesa.