O curta-metragem londrinense “Pés que Sangram” (2022), dirigido por Roberta Takamatsu, foi selecionado para a 26ª Mostra de Cinema de Tiradentes, festival mais importante do país dedicado ao cinema independente, realizado em Tiradentes, Minas Gerais. Programada para ser exibida em 25 de janeiro, a produção é um dos 11 filmes que integram o evento competitivo Mostra Foco e um dos 93 curtas que fazem parte do festival, sendo a única obra paranaense que consta da seleção. No dia 26, Takamatsu participará de um debate sobre o filme com a presença de críticos. As atrizes Mariana Chinchilla e Thainara Pereira, que protagonizam o curta, também comparecerão às atividades.
“Pés que Sangram” conta com patrocínio da Prefeitura de Londrina, por meio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic), e foi totalmente rodado em Londrina, entre setembro e outubro de 2021, por uma equipe local. O filme conta a história das irmãs Clara e Aurora, que percorrem fotos de família em busca de respostas sobre sua mãe, enquanto um cão observa e acompanha tudo de perto, antecipando tremores de terra e tentativas de apagamento. Em 2022, a produção teve sua pré-estreia, fora de competição, no Festival Kinoarte de Cinema, e também foi exibida no Sesc Londrina Cadeião, como parte da Sessão Kinopus. Essa será a primeira exibição da obra fora de Londrina.
Takamatsu se disse um tanto ansiosa e muito feliz por ter a oportunidade de participar da Mostra de Cinema de Tiradentes, frisando que acompanha o evento há muito tempo. “Esse filme tem um aspecto afetivo importante para mim, pois é a primeira obra ficcional que dirigi, e é um dos últimos trabalhos realizados pelo gaffer Carioca, falecido recentemente, que inclusive havia cedido a sua casa para algumas filmagens internas. Antes de ‘Pés que Sangram’ eu tinha dirigido uma série documental chamada ‘Brincando com a Ciência’, mas tinha vontade de passar pela experiência de dirigir um trabalho de ficção, para ver como era a comunicação e a dinâmica com os atores. Pretendo atuar como diretora em outros trabalhos, explorando diferentes maneiras de se fazer um filme de ficção”, afirmou.
Ainda segundo ela, a obra inclui camadas documentais baseadas em suas próprias experiências. “As fotos usadas no filme vêm de uma caixa de fotografias antigas de família, que minha vó manuseava muito e depois foi herdada pelo meu pai e por mim. O curta é um percurso pela memória, com sua permanência e impermanência, abordando temas como o apagamento e a presença do feminino. Procurei fazer um trabalho aberto à interpretação, e que inclusive foi construído de forma aberta, sem um roteiro padrão, com a participação ativa das atrizes”, sublinhou.
A diretora também frisou que, devido à pandemia de Covid-19, a produção do curta sofreu várias alterações. “Para diminuir os riscos à saúde das pessoas envolvidas, optamos por substituir muitas cenas internas por externas e reduzimos a equipe. Também tivemos gastos com álcool gel, máscaras de proteção e combustível para as filmagens em outros locais. É preciso destacar a importância do patrocínio do Promic para a realização do filme, pois esses recursos foram essenciais para a concretização do projeto”, disse.