O agronegócio nacional prepara-se para colher a maior “safrinha” de milho já cultivada no país, com 112,9 milhões de toneladas. Esta é a estimativa da Agroconsult, consultoria que percorre todas as regiões produtoras do cereal realizando uma análise das condições das lavouras, o Rally da Safra. As áreas avaliadas pelo Rally da Safra 2025 respondem por 97% da área de produção de soja e 72% da área de milho.
Se o volume estimado pela consultoria for confirmado, a safrinha 2025 deve ser 10,5% maior à temporada passada em uma área de 17,9 milhões de hectares - 1 milhão de hectares (6,1%) a mais do que na safra 23/24. Em produtividade, a consultoria estima 105 sacas por hectare (+4,1%) – o índice ainda não é o maior já registrado, mas tem um excelente potencial a ser confirmado pelos técnicos, a depender das condições em campo.
Diante a projeção, a produção total de milho no Brasil (1ª e 2ª safra) pode alcançar 140 milhões de toneladas, a segunda maior da história. O volume é pouco inferior ao recorde de 22/23 (141,8 milhões de toneladas). A safra total 23/24 chegou a 128,2 milhões de toneladas. Já a área plantada total de milho é projetada em 22,2 milhões de hectares – ainda abaixo da marca de 22/23, de 22,9 milhões de hectares, mas superior à safra passada, de 21,6 milhões de hectares.
“Trata-se de uma segunda safra de milho com crescimento expressivo de área, mas que carregava uma dúvida grande sobre seu potencial produtivo em razão das lavouras terem sido implementadas em calendário de maior risco. O alongamento do ciclo da soja levou ao plantio mais tardio do milho - já no mês de março - especialmente no Mato Grosso e um pouco em Goiás. Mas o receio dos produtores acabou se dissipando com as boas chuvas de abril e que se estenderam até o início de maio, período mais importante para a definição do potencial produtivo das lavouras”, explica André Debastiani, coordenador do Rally da Safra.
Segundo Debastiani, nessa mesma época no ano passado, o Rally vinha computando perdas de produtividade em diversos estados, como Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo, em função da estiagem. “Já nesse início da etapa milho, apesar de sabermos que existem alguns problemas, como é o caso do Oeste do Paraná, onde as primeiras lavouras sofreram com a estiagem em janeiro, não há estados em situação crítica. Ao contrário: Mato Grosso e Goiás já estão com sua safra praticamente definida e têm tudo para ultrapassar os recordes anteriores, a depender dos resultados de campo”, afirma.
Segundo levantamento preliminar do Rally de 19 de maio último, baseado na época de plantio e distribuição de chuvas, 72% da produção do Mato Grosso e 62% de Goiás apresentam alto potencial produtivo. Os demais estados têm bom potencial, mas dependem das condições climáticas.
O surgimento dos casos de gripe aviária no país, no entanto, traz riscos ao setor. A demanda interna de milho é estimada pela Agroconsult em 96,7 milhões de toneladas, em razão do bom desempenho do mercado de etanol e pelo comportamento do mercado de proteína animal, mas pode sofrer variações conforme a extensão do problema sanitário. Já as exportações são projetadas em 42,8 milhões de toneladas. “Esse excesso de oferta, aliado ao problema sanitário, podem gerar uma pressão negativa no preço do milho, no momento que temos pouca comercialização, exigindo a adaptação de estratégias por parte dos produtores e agentes do setor”, diz o coordenador do Rally.