O inverno brasileiro, que começa oficialmente no dia 20 de junho, às 23h42 (horário de Brasília) tende a ser mais neutro, aponta a previsão da FieldPRO, empresa de inteligência climática que utiliza Inteligência Artificial para o clima. A estação não terá influência significativa dos fenômenos El Niño ou La Niña no Pacífico Equatorial. A última vez que isso aconteceu foi no ano de 2013.
Com a neutralidade, não existe a expectativa de um inverno rigoroso no Brasil, como ocorreu há 12 anos, mas a previsão indica que podem ocorrer eventos de frio mais frequentes [em relação aos invernos de 2023 e 2024], com “ondas de frio”. Ainda assim, a tendência, conforme o relatório da FieldPRO, é de um inverno mais quente que a média, com maior espaçamento entre os períodos de frio e alguns dias de temperaturas acima da média.
Ainda de acordo com a FieldPRO, também não há expectativas de um inverno tão seco, como ocorreu em 2013 ou no último inverno. Durante a passagem das frentes frias mais intensas, a chuva pode surpreender com valores acima da média em áreas de Mato Grosso do Sul, Paraná, São Paulo e regiões sul e oeste de Mato Grosso. “Como naturalmente observamos em todos os anos, teremos períodos prolongados de tempo bastante seco, com umidade relativa abaixo dos 30%, mas o diferencial em 2025 será a menor persistência desses períodos excepcionalmente secos”, aponta o relatório.
Entenda como os fenômenos El Niño e La Niña impactam o clima global
Os fenômenos El Niño e La Niña são os principais padrões de variabilidade interanual que influenciam o clima global. O El Niño consiste no aquecimento anômalo das águas do Oceano Pacífico Equatorial por um período de pelo menos cinco meses consecutivos. A La Niña é o resfriamento anômalo das águas do Pacífico Equatorial por pelo menos cinco meses seguidos.
O aquecimento e ou o resfriamento da porção equatorial do Pacífico altera de maneira profunda a circulação atmosférica, principalmente quando são intensos e duradouros. Como consequência, ocorrem alterações nos padrões climáticos normais em diferentes regiões da Terra, com variações na precipitação, temperatura e padrões de ventos.
Em anos de neutralidade, a temperatura do Pacífico Equatorial fica próxima da média de referência, sem anomalias quentes ou frias pronunciadas e por um intervalo de tempo mais longo. Dessa forma, a temperatura da superfície do mar do Pacífico Equatorial deixa de ser o principal padrão modulador do clima, que passa a ter mais influência de outros modos de variabilidade, cuja escala espacial e temporal são menores, como por exemplo, a temperatura do Atlântico Sul, a Oscilação Madden-Julian e a Oscilação Antártica.
Como se tratam de padrões mais complexos e de baixa previsibilidade no médio e longo prazos (mais de dois meses), o monitoramento meteorológico contínuo é imprescindível para captar as constantes alterações climáticas. Os prognósticos para os próximos meses sugerem a manutenção do quadro de neutralidade por mais de um ano, diferente do que ocorreu em 2013.
Eventos climáticos marcantes durante o último período prolongado de neutralidade
O ano de 2013 foi o último ano cívico cujos 12 meses decorreram sob neutralidade enquanto o último período de 12 meses de neutralidade ocorreu entre maio de 2012 e setembro de 2014 – 29 meses seguidos de neutralidade.
Ao longo desse período, diversas oscilações radicais nas condições de tempo e de clima marcaram o Brasil, como a histórica onda de frio no Rio Grande do Sul em junho de 2012, seguido por um restante de inverno e primavera excepcionalmente quentes e secos na maioria das áreas do centro-sul e do centro-oeste do Brasil.
Naquele período, o verão foi ameno e, em seguida, o inverno com surpreendentes e sucessivas ondas de frio, entre elas, a histórica onda de frio de julho de 2013, considerada a mais intensa desde o ano 2000 até aquele ano.
A Primavera de 2013 foi marcada por calor escasso e eventos de frio tardios e em seguida, todo o centro-sul do Brasil enfrentou o verão mais seco e quente já observado desde o início do monitoramento feito pelo Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), há mais de um século, entre dezembro de 2013 e fevereiro de 2014.
As capitais Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ) foram bastante castigadas pelo calor que quebrou diversos recordes históricos, e pela seca excepcional. O estado de SP foi o mais impactado pela seca extremamente prolongada que começou no final de 2013 e atingiu seu auge no início de 2015, e culminou na maior crise hídrica da história do estado.
Previsão da Chegada da Primavera e Distribuição das Chuvas
As primeiras previsões da FieldPRO sinalizam que as chuvas da Primavera devem chegar no período certo, ou até mesmo ligeiramente antes! A partir da metade/final do mês de setembro, são esperadas as primeiras pancadas de chuvas mais frequentes na maioria das áreas das regiões Norte, Centro-oeste e Sudeste. Em outubro, a chuva tende a se espalhar bastante pelo país com acumulados ligeiramente acima da média em várias áreas do centro-oeste e sudeste.
Por conta da chuva no período certo, a chance de ondas de calor muito prolongadas e históricas é muito mais reduzida em relação aos últimos dois anos, quando a estação chuvosa atrasou. A previsão indica dias de calor bastante intenso e não se descarta a ocorrência de uma ou outra onda de calor significativa, entretanto com menor intensidade e frequência em relação às ondas ocorridas em 2023 e 2024. A nebulosidade e chuva mais frequentes não deixarão a temperatura alcançar patamares tão extremos por um período tão longo.