Após registrar a segunda pior safra da história, a citricultura mostra sinais de recuperação com a expectativa de uma safra de 314,6 milhões de caixas. Essa é a estimativa do Fundecitrus, divulgada nesta sexta-feira (9), para a região do cinturão citrícola de São Paulo, Triângulo e Sudoeste mineiro, que são as principais regiões produtoras de laranja para suco do país com 182,7 milhões de árvores produtivas. Se confirmado, o volume representará uma alta de 36,2% em relação à última safra, que totalizou 230,7 milhões de caixas. A medida padrão para o setor é a caixa de 40,8 quilos.
Segundo o Fundecitrus, a perspectiva de uma safra maior é atribuída principalmente ao maior número de frutos por árvore, resultante do clima favorável à segunda florada e do melhor manejo dos pomares, e ao aumento da quantidade de árvores produtivas no parque citrícola identificadas no novo censo.
A primeira florada da safra foi comprometida pelo calor intenso nos meses de agosto e setembro de 2024, que, na maioria das regiões, coincidiram com a escassez hídrica. A elevação da média da temperatura máxima em 3,2ºC nesse período prejudicou o pegamento dos frutos dessa florada, que representa apenas 20,7% do total da estimativa.
As chuvas só passaram a ocorrer de forma expressiva e bem distribuída no cinturão citrícola nos meses de outubro a dezembro, que registraram precipitações acima da média histórica. Essa condição de umidade do solo generalizada, após um período prolongado de déficit hídrico, reverteu o cenário de seca e estimulou a segunda florada, que, sob condições climáticas mais favoráveis, ocorreu de forma abundante. Depois, as chuvas de janeiro e fevereiro de 2025 foram fundamentais para elevar o pegamento e desenvolvimento dos frutos dessa florada, que representa 70% do total da estimativa.
Em 2024, devido à melhor rentabilidade da atividade, o citricultor aprimorou os tratos culturais nos pomares, com avanços em nutrição, em irrigação e no controle mais eficiente de pragas e doenças, o que, aliado à favorabilidade climática, contribuiu para uma carga abundante nas plantas, com 617 frutos por árvore, 30% a mais do que na temporada passada. Esta safra, de acordo com a estimativa, marca o encerramento do ciclo negativo observado no ano anterior e sinaliza o retorno do ciclo bienal positivo.
Se as previsões de precipitação se consolidarem, principalmente durante os meses de maio a julho de 2025, o peso médio das laranjas no ponto de colheita deve chegar a 158 gramas (sendo necessários 258 frutos para compor uma caixa), discretamente inferior ao peso médio registrado na safra anterior, de 159 gramas por fruto (256 frutos por caixa).
A produtividade média estimada para 2025/26 é de 869 caixas por hectare, com 1,72 caixa por árvore, recuperando-se da queda expressiva verificada na safra passada, quando foram produzidas 687 caixas por hectare, com 1,37 caixa por árvore.