Agro

É possível comparar o Mercosul com a UE?

09 dez 2024 às 09:44

Aline Locks, CEO da Produzindo Certo, destaca em artigo que o acordo comercial assinado entre Mercosul e União Europeia, em 6 de dezembro, é um marco histórico, embora sua implementação ainda dependa da ratificação nos parlamentos dos dois blocos. Essa fase pode gerar novos debates e tensões, especialmente no setor agropecuário. 


“É justo celebrar-se o avanço como histórico, depois de tomar o espaço de uma geração para se chegar ao ponto em que estamos agora. Sem perder a noção, entretanto, que há muito ainda a percorrer para que o documento firmado em Montevideu neste 6 de dezembro passe a ter efeito real no comércio entre os dois continentes”, comenta.


A resistência de países europeus, como França, Holanda, Itália e Polônia, gira em torno da concorrência desleal dos produtos agrícolas do Mercosul, especialmente do Brasil. No entanto, Aline argumenta que os modelos de produção são incomparáveis, considerando as diferenças no Código Florestal brasileiro e as condições climáticas distintas entre os continentes.


Além disso, a autora critica o protecionismo europeu, que, ao sustentar políticas de subsídios, enfraqueceu o dinamismo agrícola da Europa. Em contraste, o Brasil tem investido em práticas sustentáveis e em uma agricultura mais eficiente.  Aline sugere que, em vez de comparações desfavoráveis, o acordo deve explorar as complementaridades entre os dois blocos, aproveitando as oportunidades de uma troca inteligente e lucrativa, que respeite as diferenças e promova a diversidade.


“Agricultores europeus acomodaram-se nas robustas políticas de subsídios e fizeram com que a atividade agropecuária perdesse o dinamismo no seu continente. O universo rural deixou de ser atraente aos jovens e, assim, acabou encontrando o caminho de se apoiar em outros atributos, como a tradição e a qualidade de suas cadeias agroindustriais com valor agregado. Assim, ao invés de comparar, nessa próxima temporada da novela EU-Mercosul o roteiro deveria apostar em destacar as complementaridades. A riqueza está na diversidade, no que fazemos de diferente e que podemos trocar de forma mais inteligente e rentável”, conclui.