Apesar da retração nas exportações no mês de abril, o
Brasil mantém desempenho histórico no mercado global de café na safra 2024/25.
De acordo com dados divulgados pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil
(Cecafé), o país embarcou 3,09 milhões de sacas de 60 kg no último mês — queda
de 27,7% em volume em relação a abril de 2024. Ainda assim, a receita cambial
subiu 41,8%, totalizando US$ 1,34 bilhão, impulsionada pela valorização do
produto no cenário internacional.
No acumulado da safra (julho de 2024 a abril de 2025), as
exportações brasileiras de café somam 39,99 milhões de sacas, com receita
recorde de US$ 12,4 bilhões — altas de 1,5% no volume e 56,3% em valor em
relação ao mesmo período do ciclo anterior. A performance confirma a força do
Brasil como principal fornecedor global do grão, mesmo em um momento de
entressafra.
“O recuo em abril é natural após os embarques históricos do
ano passado. Ainda assim, o valor médio por saca tem garantido uma remuneração
expressiva ao produtor”, avalia Márcio Ferreira, presidente do Cecafé.
Ele lembra que a colheita do café arábica, prevista para os
próximos meses, deve equilibrar os volumes exportados, com expectativa positiva
para uma produção de qualidade.
Safra recorde de conilon no horizonte
O setor também projeta a maior safra da história de cafés
canéforas (conilon + robusta) no Brasil, o que deve favorecer a indústria
nacional, sobretudo na composição de blends, e ajudar a conter o avanço dos
preços ao consumidor. Já a produção de arábica, apesar de ter sido afetada por
altas temperaturas no início do ciclo, tem apresentado recuperação com a
melhora do clima no Sul de Minas, Cerrado Mineiro e Mogiana.
A perspectiva de crescimento da produção em 2026, segundo
Ferreira, será fundamental para manter a competitividade brasileira no mercado
global e garantir maior estabilidade de preços para todos os elos da cadeia.
“A oferta deve continuar apertada, mas o Brasil caminha
para uma nova fase de expansão sustentável do seu parque cafeeiro”, pontua.
Cafés diferenciados ganham espaço e valorizam receita
Um dos destaques do relatório foi o avanço dos cafés
diferenciados, com certificações de qualidade ou sustentabilidade. Esses
produtos representaram 23,6% das exportações brasileiras no primeiro
quadrimestre de 2025, com 3,26 milhões de sacas embarcadas e receita de US$
1,41 bilhão, um salto de 98% na comparação com o mesmo período de 2024. O valor
médio por saca foi de US$ 433,73, reforçando a tendência de agregação de valor
à produção nacional.
Principais destinos e logística
Os Estados Unidos seguem como principal destino do café
brasileiro, com 2,37 milhões de sacas entre janeiro e abril, seguidos por
Alemanha, Itália, Japão e Bélgica. No entanto, mercados como Rússia (+62,9%),
Turquia (+26,2%) e Espanha (+3,9%) ampliaram suas compras, sinalizando maior
diversificação da pauta exportadora.
O Porto de Santos manteve sua liderança no escoamento da
produção, respondendo por quase 80% dos embarques, seguido pelo complexo
portuário do Rio de Janeiro e o Porto de Paranaguá.