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Mudanças climáticas ameaçam o cultivo de alface em campo aberto

Alface é um produto muito sensível ao calor e o cultivo tradicional, em áreas abertas, está ameaçado
25 set 2025 às 21:55
Por: Band
AEN-PR

O aumento das temperaturas, provocado pelas mudanças climáticas, pode tornar inviável o cultivo de alface em campos abertos no país durante o verão daqui a cerca de 50 anos. O alerta está em um estudo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), ligada ao Ministério da Agricultura e Pecuária.


Segundo pesquisadores, em um cenário otimista de aquecimento global, nos últimos 30 anos deste século, 97% do território brasileiro terá risco climático alto ou muito alto para cultivo de alface em campo aberto durante o verão.


Para chegar à conclusão, técnicos da Embrapa analisaram como diversos cenários de mudanças climáticas podem afetar o cultivo da hortaliça, considerada vulnerável a altas temperaturas.

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O engenheiro-agrônomo Fábio Suinaga, pesquisador em Melhoramento Genético da Embrapa Hortaliças, explica que do ponto de vista evolutivo, a alface depende de temperatura amena e boa umidade para se desenvolver plenamente. “Os números projetados são preocupantes porque a adaptação da espécie às altas temperaturas é mínima, especialmente se considerar que as sementes de alface exigem temperaturas inferiores a 22°C para haver germinação”, avalia.


Cenários otimista e pessimista


Os pesquisadores cruzaram informações de projeções climáticas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, e do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), um órgão da Organização das Nações Unidas.


O levantamento considerou dois cenários, um otimista e um pessimista em relação a quanto a temperatura vai subir na comparação com o clima do período histórico de 1961 a 1990.


  • Projeção otimista: há um controle das emissões de gases do efeito estufa, causadores do aquecimento global. Isso resultaria em um aumento da temperatura do planeta entre 2° Celsius (C) e 3°C, na janela de 2071 a 2100.
  • Projeção pessimista: as emissões de gases continuam crescendo até 2100, resultando em aumento de até 4,3°C na temperatura do planeta.


Os técnicos utilizaram modelos que projetam temperaturas mínima, média e máxima para todas as épocas do ano. A estação mais crítica é o verão, quando a temperatura pode ultrapassar os 40°C em boa parte do país, patamar considerado bem acima do ideal para o desenvolvimento da alface, que exige clima ameno e umidade equilibrada.


  • Cenário otimista: entre 2071 e 2100, faixa de temperatura durante o verão de 23,4°C a 41,2°C. Dessa forma, 79,6% do território nacional apresentará risco climático alto; e 17,4%, muito alto.
  • Cenário pessimista: temperatura no verão de 25,4°C a 45°C, deixando 11,8% do território com risco alto; e 87,7%, muito alto.


Nos dois casos, praticamente todo o território se aproximará do nível inviável para cultivo de alface em campo aberto no verão, sendo que, no cenário pessimista, a proporção de “muito alto” é muito maior que a de “alto”.


Atualmente, a maior parte do cultivo de alface no Brasil se dá nos campos abertos, e a menor parte é feita nos chamados ambientes protegidos ou controlados, como estufas.


Efeito do calor


Um dos efeitos causados pelo calor na alface é a queima de borda, também conhecida como tipburn, uma desordem relacionada à deficiência do mineral cálcio nas folhas. A Embrapa explica que, em condições climáticas desfavoráveis, como altas temperaturas e excesso de umidade, como acontece nos cultivos de verão, as folhas crescem rapidamente, e o deslocamento de cálcio na planta fica comprometido, o que ocasiona manchas escuras na borda das folhas.


Temperaturas médias acima de 25º também causam florescimento (pendoamento) precoce. Com isso, a alface perde qualidade e o padrão comercial, pois há o alongamento do caule, a redução do número de folhas e maior produção de látex, que dá o sabor amargo à hortaliça.Importância do estudo

O engenheiro-ambiental Carlos Eduardo Pacheco, pesquisador em Mudanças Climáticas Globais da Embrapa, enfatiza que entender como as mudanças climáticas podem afetar a produção de alface é essencial para desenvolver estratégias de adaptação.


“Isso permite antecipar impactos e evitar prejuízos”, diz. “Os mapas evidenciam a urgência de pensarmos em sistemas produtivos adaptados ao clima, especialmente para hortaliças, que são mais sensíveis que as grandes culturas como milho ou soja”, acrescenta.


Os mapas resultantes do estudo ilustram que, do melhor ao pior cenário, todas as regiões do Brasil apresentam risco climático alto, com exceção de uma área pequena no sul do país, com risco moderado. No pior cenário, o território brasileiro é todo tomado pelo risco muito alto, e somente a faixa litorânea tem risco alto.


“Os mapas tornam mais fácil a visualização do impacto da temperatura na cultura da alface e evidenciam a urgência em se pensar não mais sobre mitigação, e, sim, sobre adaptação dos sistemas produtivos de hortaliças às mudanças do clima”, diz Pacheco.

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