Pesquisadores do Brasil, China e
Rússia se reuniram na última semana na Embrapa Instrumentação, em São Carlos
(SP), para discutir avanços no projeto iPhotoMat, um consórcio internacional
que busca integrar o tratamento de contaminantes ambientais à produção de
energia renovável alimentada por luz solar. O encontro contou com a
participação de especialistas de universidades desses países, além da presença
de representantes da Alemanha, e teve como objetivo fortalecer parcerias
estratégicas para o desenvolvimento de materiais e processos fotocatalíticos
mais eficientes.
O iPhotoMat foi criado em 2023 e tem
duração prevista de 36 meses. Seu foco é desenvolver nanomateriais fotoativos e
dispositivos capazes de transformar poluentes em produtos valiosos, como
combustíveis ecológicos, por meio da energia solar. O projeto é coordenado pelo
pesquisador Caue Ribeiro, da Embrapa Instrumentação, e conta com o apoio do
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Cooperação internacional e desafios tecnológicos
Cada país desempenha um papel
fundamental dentro do consórcio. A Rússia é responsável pela síntese e
pré-seleção de materiais, enquanto o Brasil cuida da montagem do sistema e
avaliação das propriedades oxidativas. A China, por sua vez, testa o desempenho
dos materiais na conversão de CO2 em produtos químicos úteis. Apesar dessa
divisão de tarefas, os pesquisadores destacam que a colaboração ocorre em todas
as etapas, com a troca de informações, materiais e testes entre os parceiros.
Para Ribeiro, a visita da delegação
do BRICS fortalece relações estratégicas, especialmente com as universidades
chinesas. “A China é o principal parceiro comercial do Brasil e tende a se
tornar ainda mais relevante no desenvolvimento de tecnologias sustentáveis”,
afirma. Além disso, a Universidade Estatal de São Petersburgo, na Rússia, se
destaca como uma porta de entrada para cooperações na área de fertilizantes,
setor em que o Brasil é fortemente dependente das importações russas.
A Alemanha também marca presença no
projeto por meio da Universidade Humboldt. O pesquisador Nicola Pinna destacou
a importância da multidisciplinaridade e do conhecimento avançado dos
especialistas envolvidos. A cooperação com instituições alemãs já vinha sendo
desenvolvida em outros projetos da Embrapa, como o LABEX Europa.
A luz solar como fonte de energia sustentável
O iPhotoMat aposta na fotocatálise –
um processo químico ativado pela luz – como solução inovadora para reduzir
emissões de gases de efeito estufa e tratar poluentes na água. A ideia é
desenvolver um sistema que use nanomateriais para converter CO2 em combustíveis
e outros produtos químicos de alto valor agregado.
Ribeiro explica que a energia solar
tem grande potencial para impulsionar uma economia circular e sustentável. “Ela
é limpa, amplamente disponível e pode ser utilizada para reações químicas
específicas, reduzindo impactos ambientais e gerando energia renovável”,
afirma. No entanto, desafios técnicos ainda precisam ser superados antes que a
tecnologia se torne comercialmente viável.
Ao final do workshop, os
pesquisadores visitaram o Laboratório Nacional de Nanotecnologia para o
Agronegócio (LNNA) e outras instituições de pesquisa em Campinas (SP),
reforçando o compromisso de avançar no desenvolvimento de tecnologias que
tornem a economia global mais sustentável e integrada.