A Polícia Científica do Paraná (PCP) concluiu a perícia realizada em abelhas encontradas mortas em março deste ano no Interior do Estado. O trabalho, finalizado em setembro, foi realizado pelas Seções de Química Forense e de Crimes Ambientais e resultou na identificação de inseticida de uso suspenso no Brasil desde 2023. O agrotóxico é o Fipronil, que foi utilizado irregularmente.
O produto é indicado para pulverização foliar e no solo, mas apresenta riscos para colônias de abelhas, comprometendo a orientação olfativa e os movimentos dos insetos, o que pode levar à morte em até oito dias.
O sucesso da identificação foi possibilitado pelo investimento em tecnologia, com a aquisição de dois cromatógrafos gasosos pela PCP em 2023. “Foi um desafio essa perícia. Por se tratar de uma matriz complexa e uma análise inédita na seção, foi necessário o desenvolvimento de um novo método de extração”, afirmou a perita oficial Isabella Melo.
Ela também destacou que, com o projeto AgroForense, criado recentemente pela corporação, será possível aumentar o rol de substâncias analisadas pela Seção de Química Forense em 2024 e 2025. “Com o projeto, serão investidos R$ 9 milhões na compra de novos equipamentos”, completou Isabella.
“A identificação do fipronil em abelhas mortas pode, portanto, contribuir significativamente para a investigação de irregularidades no uso de defensivos agrícolas”, explicou a chefe da seção de crimes ambientais, Angela Andreassa.
Devido a sua importância, a análise resultou em um trabalho apresentado durante o XXVII Congresso de Criminalística, realizado em São Luiz, Maranhão, no início de setembro. Intitulada “Identificação do inseticida fipronil em abelhas mortas no Interior do Paraná”, a pesquisa foi feita em colaboração com a Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Segundo a PCP, a colaboração entre instituições e o investimento em pesquisa e tecnologia são fundamentais para garantir a segurança ambiental e a preservação das abelhas, essenciais para a biodiversidade e a agricultura, já que elas são responsáveis por 75% da polinização de culturas agrícolas e 90% das plantas floríferas.
Agrário e ambientais
O projeto Agroforense pretende aumentar o parque analítico da PCP, a fim de permitir perícias em casos de crimes envolvendo o setor agrário, como crimes ambientais, falsificação e adulteração de agrotóxicos e fertilizantes, além de análise de águas.
O objetivo é adquirir dois ICP-MS, que analisam traços de metais, dois LC- qTOF, equipamentos que dão o resultado de massas exatas de compostos orgânicos em nível de traço, e dois cromatógrafos iônicos, que analisam substâncias inorgânicas ou com carga. Eles serão distribuídos para a Seção de Química Forense de Curitiba e de Foz do Iguaçu, o que vai contribuir para a redução do tempo de transporte de amostras e maior celeridade nas análises.
Investimentos
O projeto faz parte do planejamento de reestruturação da PCP. No início deste mês, a Polícia Científica incorporou ao quadro de profissionais mais 16 novos técnicos de perícia, que reforçarão operações e serviços prestados à população. O técnico de perícia atua auxiliando diretamente o perito oficial e também na área administrativa.
Em 2023, a instituição recebeu o reforço de 76 novos servidores, que foram distribuídos entre as 20 unidades de execução técnico-científica em todo o Estado.
Também no ano passado, a instituição recebeu um tablet multiespectral forense da marca Forenscope, equipado com alta tecnologia da Turquia, que permite a identificação precisa de vestígios não visíveis a olho nu deixados por criminosos.
A reestruturação também tornou a PCP uma das mais bem remuneradas do País. A carreira passou a ter novas configurações. A principal alteração é a unificação das funções da carreira da Perícia Oficial (médico-legista, odontolegista, toxicologista, químico legal e perito criminal) nos cargos de perito oficial criminal, com carga horária de 40h, e perito oficial criminal, com carga horária de 20h.