A agropecuária lidera os setores com alta demanda por profissionais qualificados, mas engana-se quem acredita que, para atua no agronegócio, é preciso ser agrônomo ou médico veterinário. O setor é um dos que mais demanda tecnologias e profissionais ligados aos avanços da digitalização e ainda, vendas e administração. Operadores de drones agrícolas, cientistas de dados, representante técnico de vendas e condutores de máquinas agrícolas estão entre as profissões mais demandadas pelo setor e os salários podem chegar até R$ 25 mil.
De acordo com o Guia Salarial da Robert Half, catálogo anual que indica as tendências profissionais e salários, o agronegócio é um setor que demanda profissionais para as mais diversas áreas, da administração tradicional a cientistas de dados. O guia mostra as principais tendências do mercado de trabalho e as habilidades que cada profissão exige.
Maria Sartori, diretora da Robert Half, destaca que ter domínio de um segundo idioma, especialmente o inglês e o mandarim, é um diferencial para o setor, já que a influência dos investimentos e crescimento de multinacionais agrícolas no Brasil (e a atuação com o mercado chinês) estão em alta.
Operador de drones em alta
No ano passado, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) descomplicou as regras para o uso de drones no agronegócio. Os sistemas das aeronaves pilotadas remotamente destinadas à aplicação de defensivos agrícolas e fertilizantes, por exemplo, não têm mais limite de peso e podem levantar voo em áreas maiores, substituindo as aeronaves agrícolas, por exemplo. Por isso, o interesse por drones no manejo de lavouras e, consequentemente, de operadores de drones agrícolas cresceu no Brasil.
A profissão é regulamentada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e, para atuar no segmento, é necessário passar por treinamento específico de, no mínimo, 28 horas de duração em escolas credenciadas. O salário médio inicial é de R$ 3 mil, mas com experiência e comissões por produtividade, um piloto de drone pode chegar a faturar até R$ 12 mil por mês.
De acordo com o Sindicato Nacional de Aviação Agrícola, atualmente existem no Brasil em torno de 4 mil drones registrados para atividades rurais. Josué Vieira, do Sindicato, destaca que os drones atualmente permitem que muitas áreas da agricultura, que antes não tinham acesso a tecnologias aéreas, avançaram com o equipamento. “E precisando cada vez de mais drones, exigem-se mais pilotos”.
Outras carreiras em alta
A tecnologia embarcada em máquinas agrícolas e em sistemas de gerenciamento agrícola tem exigido um novo perfil de profissionais na área do agronegócio. De acordo com o Guia Salarial Robert Half, além dos conhecimentos básicos e tradicionais, um gerente de fazenda hoje em dia, precisa entender também de tecnologias e sistemas. O cargo tem salários que chegam a R$ 25 mil.
O representante técnico de vendas (RTV) é uma figura conhecida do agronegócio e cada vez mais demandada. Ele é o profissional que faz a ponte entre empresas e produtores rurais. Para ocupar este cargo, é preciso ter conhecimento técnico e específico de produtos. O salário pode chegar a R$ 15 mil.
Como crescimento da agricultura de precisão, sistemas que gerenciam digitalmente o manejo de lavouras, a demanda por profissionais que atuam com tecnologias digitais também aumenta. Cientistas de dados, especialistas em sistemas de informação, engenharia de computação e análises de sistemas estão em alta no setor. Os salários podem chegar a R$ 12 mil por mês, para iniciantes.
E, se dentro dos sistemas, há avanços tecnológicos desenvolvidos por engenheiros e especialistas, o campo também demanda quem coloque a “mão a massa”, os condutores de máquinas agrícolas. Esses profissionais estão sendo formados por multinacionais de máquinas e equipamentos e em colégios agrícolas.