O volume de cana-de-açúcar processado nas regiões Norte e Nordeste do Brasil na safra 2024/2025 manteve a trajetória de crescimento ao final da primeira quinzena de dezembro, alcançando 39,97 milhões de toneladas. Segundo dados da Associação de Produtores de Açúcar, Etanol e Bioenergia (NovaBio), entidade que reúne 35 usinas sucroenergéticas em 11 estados, a produção cresceu 2,4% até 15 de dezembro em relação ao mesmo período da safra anterior, com as usinas do Nordeste respondendo por 32,64 milhões de toneladas (81,67%) do total processado, enquanto as da região Norte atingiram 7,32 milhões de toneladas, ou 18,31% do total.
Com 65% da safra já realizada nas duas regiões, o atual ciclo agrícola foi marcado pela ausência de chuvas regulares, o que reduziu a projeção total de moagem na atual safra, de 63 para 62 milhões de toneladas. Entretanto, segundo o presidente-executivo da NovaBio, Renato Cunha, a seca trouxe uma concentração maior de Açúcar Total Recuperável (ATR) por tonelada de cana.
“Com isso, os níveis de sacarose extraídos da planta permitiram a fabricação de produtos finais em maior volume em comparação à safra anterior, especialmente nos casos do açúcar e etanol hidratado”, ressalta o executivo, que também preside o Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar/PE).
Até 15 de dezembro, a produção de açúcar manteve o ritmo de crescimento e chegou a 2,51 milhões de toneladas, aumento de 15,1% ante as 2,18 milhões de toneladas produzidas em igual período da temporada 2023-2024. Na safra atual, o Nordeste deverá continuar a exportar aproximadamente 62% de sua produção açucareira pelos portos de Maceió (AL), Recife (PE), Suape (PE), João Pessoa (PB) e Natal (RN).
Da produção total de etanol no Norte e Nordeste em comparação com o mesmo período da moagem anterior, o hidratado, disponível nas bombas para abastecer veículos flex, registrou alta de 26,9%, atingindo 1,02 bilhão de litros contra 809 milhões de litros em 2023-2024. Já o anidro, que é misturado à gasolina, totalizou 612,6 milhões de litros, queda de 24,7% sobre os 813,2 milhões de litros fabricados no ciclo agrícola passado.
Para o presidente executivo da NovaBio, esta retração do anidro deve-se, fundamentalmente, à falta de regras que proporcionem maior competitividade ao biocombustível frente à gasolina. “Quando o mundo busca soluções sustentáveis para o setor de transporte não faz sentido que haja, no Brasil, um dos líderes globais na produção de etanol, imprevisibilidades na precificação de combustíveis”, pontua Cunha.
O presidente da NovaBio afirma que as usinas e a cadeia produtiva do setor acreditam numa expansão do mercado nacional do etanol anidro, com a consolidação de novos níveis de mistura na gasolina. “O aumento na mistura dos atuais 27% para 30%, previsto para o fim de março próximo, vai ampliar em mais de 11% o tamanho desse mercado, trazendo ainda mais sustentabilidade para a gasolina nacional”, concluiu.
O total de etanol produzido, somando-se os volumes de anidro e hidratado, apresentou crescimento de 1%, atingindo 1,63 bilhão de litros ante 1,62 bilhão de litros fabricados até o final da primeira quinzena de dezembro de 2023.
No mesmo período comparativo, o estoque físico de etanol, somados os 253,8 milhões de litros de hidratado e 217,6 milhões de litros de anidro, atingiu 471,4 milhões de litros, superior aos 436,3 milhões de litros armazenados na safra 2023-2024.
Veja a produção de cana-de-açúcar por estados até o dia 15 de dezembro
Amazonas 0,36 mi/t
Maranhão 2,14 mi/t
Pará 1,32 mi/t
Piauí 1,12 mi/t
Tocantins 2,36 mi/t
Alagoas 10,68 mi/t
Pernambuco 8,68 mi/t
Bahia 4,59 mi/t
Paraíba 4,84 mi/t
Rio Grande do Norte 2,42 mi/t
Sergipe 1,40 mi/t