O Sertão da Bahia está se tornando palco de uma revolução na fruticultura com a introdução do cultivo de tâmaras, uma fruta tradicionalmente vinculada ao Oriente Médio. O projeto inovador promete alterar ciclos de cultivo que normalmente levariam décadas, reduzindo-os para apenas alguns anos.
Com a chegada de 100 mudas doadas pelos Emirados Árabes, o estado baiano inicia uma nova fase na produção agrícola. Os produtores rurais apostam na produção comercial da tâmara, que até hoje é importada pelo Brasil. Ao todo, a região recebeu 12 variedades diferentes de tamareiras para serem cultivadas na região de Irecê.
As mudas, após cumprir quarentena na Embrapa em Brasília (DF), estão sendo distribuídas em regiões do estado com condições climáticas e de solo semelhantes às do Oriente Médio. A expectativa é que mais 10.000 mudas sejam recebidas nos próximos anos, consolidando a posição da Bahia como um novo centro de cultivo de tâmaras.
O técnico em fruticultura, Luiz Júnior Dias, ressaltou o potencial transformador do projeto. "Isso pode trazer mecanização, automatização e tecnologia. Isso pode transformar o Brasil como um todo em um polo gigantesco de infraestrutura", afirmou Dias, antevendo um futuro onde a região não apenas cultive, mas também processe e beneficie as tâmaras localmente.
Contra o antigo ditado que diz que "quem implanta tâmaras não colhe tâmaras", baseado na longa espera pela frutificação das palmeiras, a Bahia está mostrando que, com as técnicas e abordagens certas, é possível colher os frutos literalmente e figurativamente em tempo recorde. "A Bahia já mostra que quem planta tâmaras, colhe tâmaras", conclui a reportagem, marcando um ponto de virada para a agricultura regional e, possivelmente, para o padrão da fruticultura no Brasil.