O Brasil registrou 6,5 milhões de casos prováveis de dengue até de outubro de 2024, de acordo com o Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde. O coeficiente de incidência é de 3.221,7 por 100 mil habitantes, enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que taxas acima de 300 por 100 mil já indicam epidemia. No período, 5.536 pessoas morreram em decorrência da dengue, e outros 1.591 óbitos estão em investigação. Para efeito de comparação, no mesmo período de 2023, foram registrados 1,3 milhão de casos prováveis da doença, com 1.179 mortes confirmadas ao longo do ano. O aumento de casos em 2024 é 400% maior em relação ao ano anterior.
Apesar desses números alarmantes, as infecções começaram a cair a partir de abril. A redução se manteve até o final de agosto, mas especialistas alertam para uma possível nova alta em dezembro, com expectativa de pico entre março e abril de 2025. O estado de São Paulo concentra 32,3% dos casos, totalizando 2,1 milhões de infecções e 1.786 mortes. Na capital paulista, foram registradas 639.066 infecções, com 365 mortes confirmadas.
O infectologista Antonio Carlos Bandeira, membro do Comitê de Arboviroses da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e assessor técnico do Laboratório Central do Estado da Bahia, destaca que os números de dengue devem permanecer menos expressivos até dezembro, com uma previsão de aumento de casos no início do próximo ano. “O pico da doença deverá ocorrer de março a abril do ano que vem. De maio em diante, a tendência é cair. Neste ano, ficamos durante muitos meses com um platô alto. Não dá para prever se isso voltará a acontecer no país”, afirmou Bandeira.
Ele também enfatiza a importância de ações eficientes e coordenadas no combate à dengue. “A maior parte dos países do mundo tem caminhado em várias frentes. Uma delas é utilizar a tecnologia dos mosquitos transgênicos e transformar isso em um produto de escala. Precisamos envolver empresas privadas, pois o governo não tem recursos para resolver tudo sozinho”, alertou o especialista.
Além das medidas preventivas e tecnológicas, os especialistas ressaltam a importância da vacinação em larga escala. A implementação da vacina contra a dengue no Programa Nacional de Imunizações é considerada uma estratégia essencial para aumentar a cobertura e prevenir novas epidemias. Condições climáticas favoráveis, como calor, umidade e chuvas, também facilitam a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, o que reforça a necessidade de políticas públicas eficazes.
A circulação dos subtipos 3 e 4 do vírus preocupa os especialistas, já que grande parte da população ainda não foi exposta a esses tipos virais. A previsão é de que, em 2025, esses subtipos possam retornar, encontrando muitas pessoas suscetíveis à infecção.