A Meta, dona do Facebook e Instagram, anunciou que abandonará o serviço de checagem de informação e que adotará um sistema de “notas da comunidade”, similar ao do Twitter. Na prática, o CEO da empresa, Mark Zuckerberg, fez um aceno ao presidente eleito dos EUA, Donald Trump. Mas o que significa essa mudança?
Em um vídeo publicado das redes sociais, Zuckerberg disse que o modelo “foi longe demais”.
“Isso significa que identificaremos menos conteúdos problemáticos, mas também reduziremos a remoção acidental de postagens e contas de pessoas inocentes”, afirmou.
Ele ainda afirmou que trabalhará com Trump para “pressionar os governos de todo o mundo, que visam perseguir empresas americanas e pressionando para implementar mais censura". Sem apresentar provas, ele ainda acusou países da América Latina de terem “tribunais secretos que podem ordenar que as empresas retirem as coisas silenciosamente”.
O que muda agora?
Até aqui, as redes da Meta contavam com parceiros de verificação de fatos, que analisavam conteúdos publicados e que poderiam deixar comentários ou até mesmo recomendar a exclusão de postagens que violassem normas e contivessem informações falsas. Existia uma equipe interna dedicada para isso.
Agora, a empresa diz que terá filtros apenas para situações de “alta gravidade” e que violem leis.
Entretanto, para casos que forem considerados “de menor gravidade”, serão atribuídas “notas da comunidade”, ou seja, comentários e correções feitas pelos próprios usuários. Zuckerberg não esclareceu como serão diferenciadas situações “graves” de “não graves”.
Também haverá uma mudança estrutural na empresa, com o departamento responsável pela revisão de conteúdos postados sendo levado para o estado do Texas.
Decisão gerou críticas na web
A decisão de retirar a verificação de fatos dos aplicativos da Meta causou polêmica nas redes sociais. O Idec, Instituto de Defesa dos Consumidores, manifestou preocupação com a medida de Mark Zuckerberg. "A substituição de verificadores de fatos por "notas comunitárias" e a redução de filtros de moderação podem aumentar a circulação de desinformação, discurso de ódio e conteúdos nocivos nas plataformas", diz a nota.
“Mudanças anunciadas pela Meta demonstram o problema estrutural da concentração de poder nas mãos de corporações que atuam como árbitros do espaço público digital”, pontua o órgão.
O secretário de Políticas Digitais da SECOM, João Brant, pontua que a declaração de Zuckerberg sinaliza que a “empresa não aceita a soberania dos países sobre o funcionamento do ambiente digital e soa como antecipação de ações que serão tomadas pelo governo Trump”.
Nos comentários da publicação de Zuckerberg e em outras redes, como o X, a população se divide em criticar a decisão e elogiar o dono da Meta. “Zuckerberg apenas confirma que é tão odioso e perigoso quanto Musk”, escreveu um. “'Zuckerberg copiou Musk'. Copiou e tá tudo certo. Copiar coisa boa faz bem”, comentou outro.