Pesquisadores chineses da Kaiwa Technology, em Guangzhou, anunciaram o desenvolvimento de um robô humanoide equipado com um útero artificial. A tecnologia é projetada para gerar um bebê humano em um ambiente sintético e controlado, acompanhando a gestação desde a concepção até o nascimento.
O projeto, liderado pelo Dr. Zhang Qifeng, busca oferecer uma alternativa ao problema crescente da infertilidade e às restrições legais da chamada "barriga de aluguel". Na China, onde a prática comercial da gestação por substituição é proibida, a tecnologia surge como uma solução inovadora, porém controversa.
Segundo os cientistas, já foram realizados experimentos com fluido amniótico sintético e sistemas de nutrição que replicam o cordão umbilical. O sistema também controla variáveis como temperatura e pH, criando um ambiente seguro e monitorado que, segundo os pesquisadores, pode reduzir os riscos de gestações naturais.
Com um custo estimado em 100 mil yuan (cerca de US$ 14 mil), os cientistas preveem que os primeiros testes de implantação em embriões humanos ocorram até 2026. A equipe acredita que o primeiro nascimento por esse método poderia acontecer já em 2027.
Impactos éticos e demográficos
A proposta levanta profundos debates éticos. Especialistas questionam se a substituição da mãe biológica por uma máquina pode afetar o vínculo entre pais e filhos, além de levantar preocupações sobre a “desumanização” do processo reprodutivo. Do ponto de vista jurídico, a tecnologia exigiria a revisão das leis chinesas sobre fertilização in vitro, manipulação de embriões e definição de filiação.
O desenvolvimento do robô com útero artificial também se insere em um contexto de queda na taxa de natalidade da China. Nos últimos anos, o governo tem implementado políticas para aumentar o número de nascimentos, como o fim da política do filho único em 2021 e a ampliação da cobertura de fertilização in vitro. Mesmo assim, a população chinesa pode cair para 590 milhões até 2100 se a taxa de fertilidade continuar baixa.