Depois de ser espancado pela madrasta e sofrer uma grave lesão no cérebro, o pequeno Davi Lucas, de 5 anos, passou por cirurgia no Hospital Evangélico, em Londrina. A família da criança veio de Manaus para a cidade no norte do Paraná, em busca de tratamento.
O caso repercutiu nacionalmente. A vítima teria ido à casa do pai, com quem a mãe dividia a guarda, em junho de 2022. A mãe do menino ficou sabendo das agressões em uma ligação do hospital, com a criança já desacordada e em coma após o espancamento.
"Ele morava comigo e ficava o final de semana com o pai. Nesse final de semana, ele foi vítima de tortura pela madrasta. Eu só recebi a ligação do Hospital dizendo que o meu filho já estava em coma", contou a mãe, Fábila Kemila.
Após o crime, o pequeno passou quase três meses internado. Com sequelas pela falta de oxigenação no cérebro, ele sente fortes dores, parou de falar, se movimentar, e teve o corpo enrijecido devido ao aumento da tensão nos músculos, uma condição chamada “espasticidade”.
Davi usa sonda para se alimentar e também fez traqueostomia, além de ter os pés atrofiados. Desde então, a família busca tratamentos que possam devolver ao menino as capacidades motoras básicas que ele perdeu, quando teve a infância interrompida com as agressões.
"Foi um baque muito forte pra mim ver ele naquela situação, todo machucadinho. Foi parar na UTI e voltou do coma com sequelas, neurológicas graves. Escutar do médico que seu filho não vai voltar a ser aquela criança que ele era antes, foi muito dolorido pra mim. É um ano e quatro meses sem ver o sorriso do Davi", revelou a mãe aos prantos.
A mãe conta que chegou a ouvir de um profissional que a condição da criança era irreversível. Sem pensar em desistir, Fábila buscou por especialistas em diversos estados brasileiros, até que encontrou no norte paranaense um centro médico que concentra as terapias necessárias para que Davi passe por uma reabilitação mais completa. Após diversas pesquisas, a mãe da criança tomou conhecimento sobre o neurologista Alexandre Canheu, que realizou a cirurgia de rizotomia dorsal seletiva em Davi na última terça-feira (10).
A equipe do Hospital Evangélico de Londrina (HE) é a única do Paraná e uma das poucas do país a fazer esse tipo de procedimento. A cirurgia era um requisito necessário para começar o tratamento, que inclui cirurgia ortopédica, fisioterapia e fonoaudiologia.
"O Davi teve uma lesão corporal muito grave no sistema nervoso que causa uma situação que a gente chama de espasticidade, ele fica todo duro. A gente não consegue movimentar as articulações dele. Ele já desenvolveu nesse tempo deformidades no joelho, no quadril, nos tornozelos. Então, antes de mais nada, a gente precisa amolecer ele de forma que ele consiga um posicionamento, uma higiene melhor, essa espasticidade causa muita dor então com essa cirurgia ele já melhora a dor, a postura e a gente consegue a partir daí desenvolver as outras necessidades de reabilitação que ele precisa", explicou o neurocirurgião pediátrico.
Ainda não é possível determinar o tempo de tratamento e o resultado final, mas o médico é otimista. Ainda que a lesão cerebral seja de grau 5, o mais grave, ele tem certeza de que, com o tratamento adequado, Davi Lucas vai poder reaprender algumas funções básicas e, quem sabe, voltar a andar.
O pai do menino e a madrasta chegaram a ser presos na época, mas foram soltos. O caso vinha sendo tratado como maus tratos, no entanto, o Ministério Público acabou denunciando o casal por tentativa de homicídio. O processo corre em sigilo.
Enquanto espera por justiça, Fábila foca as atenções na recuperação do filho. Ela teve que deixar o trabalho e a faculdade. Uma vaquinha virtual é que vem bancando o tratamento particular. Agora, ela quer trazer os outros dois filhos, de 13 e 8 anos para Londrina.
O maior sonho é ter toda a família reunida pra ver o Davi Lucas sorrir de novo. Para quem quiser ajudar no tratamento do pequeno, o Pix é o CPF: 991.809.602-00