O presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve na tarde desta quinta-feira (29) em Ortigueira, nos Campos Gerais do Paraná, para oficializar a criação de um novo assentamento rural. A área, ocupada desde 2003 pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), foi regularizada pelo governo federal por meio do programa Terra da Gente.
O presidente chegou de helicóptero à região situada entre Ortigueira e Faxinal, onde foi recebido por agricultores e lideranças locais. Durante a visita, Lula conheceu parte da produção agrícola da comunidade e participou de uma colheita simbólica de mandioca. No total, cerca de 160 produtos são cultivados na área, todos por meio da agricultura familiar.
O novo assentamento, que recebeu o nome oficial de “Assentamento Maila Sabrina”, abriga aproximadamente 450 famílias. Com cerca de 10 mil hectares, o local foi ocupado pelo MST há mais de duas décadas, quando ainda era conhecido como Fazenda Brasileira. Desde então, o terreno foi alvo de várias ações judiciais de reintegração de posse e ordens de despejo. A situação foi resolvida recentemente, após um acordo entre o INCRA e os antigos proprietários, que resultou na indenização de R$ 340 milhões pela área.
A solenidade contou com a presença de representantes do MST, do INCRA e de diversas autoridades políticas, como o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira; o ministro da Fazenda, Fernando Haddad; e o diretor-presidente da Itaipu Binacional, Enio Verri.
Durante discurso Lula afirmou que a luta por terra “não é ilegal” e destacou a importância da regularização fundiária para o fortalecimento da agricultura familiar e da economia local. “Na verdade vocês saõ invasores de busca de dignidade, de busca de respeito e de direitos”, disse.
Para moradores como Emerson Batista, que cultiva feijão, mandioca, batata e milho, a regularização representa segurança e estabilidade. “A gente ainda vivia com medo de ser despejado, de não ter a terra certa para trabalhar”, afirmou.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Agrário, ainda existem cerca de 126 mil pessoas vivendo em acampamentos em todo o país, à espera de regularização fundiária.