Moradores da região conhecida como Gleba Sete Cabeças, na zona rural de Londrina, vivem uma situação crítica de isolamento e perigo devido à precariedade das estradas. Segundo a vizinhança, o problema não é recente: as dificuldades de locomoção e a falta de manutenção adequada já perduram por mais de 40 anos. O cenário de abandono compromete a segurança de quem precisa transitar pela área e gera revolta na comunidade local.
O trajeto pela estrada exige perícia extrema dos motoristas, pois os buracos profundos e a proximidade com ribanceiras tornam qualquer deslocamento arriscado. O perigo de acidentes é constante, já que os condutores precisam controlar os veículos com precisão para evitar quedas em valas ou a perda de controle em direção aos declives. Além do risco físico, o desabastecimento é uma realidade cruel: no período de chuvas, o barro torna a via totalmente intransitável. "A gente fica ilhado, sem conseguir sair para trabalhar ou para comprar comida", relata a produtora rural Luci Angélica de Oliveira.
O descaso com a infraestrutura atinge diretamente a saúde pública. Luci cuida de seu pai, um idoso de 82 anos que enfrenta um rigoroso tratamento contra o câncer de próstata em Londrina. A distância, que deveria ser percorrida em cerca de uma hora, torna-se um obstáculo intransponível em dias chuvosos. O impacto é severo: devido às condições da estrada, o idoso já chegou a ficar duas semanas sem a medicação essencial para o seu tratamento, simplesmente porque a família não conseguiu retirar o veículo da propriedade.
A revolta dos produtores rurais é alimentada pela ausência de soluções definitivas por parte do poder público. O produtor Márcio Antônio Gomes reforça que a comunidade convive com promessas políticas e medidas paliativas há quatro décadas, sem que ocorra uma reforma estrutural que garanta o direito básico de ir e vir. A situação na Gleba Sete Cabeças evidencia a urgência de investimentos em estradas rurais para garantir a dignidade e a sobrevivência de quem vive e produz no campo.