O Brasil é um dos países que mais realiza transplantes de rim no mundo. No ano passado, o país bateu um recorde com mais de 14 mil procedimentos realizados em apenas seis meses. Na reportagem de hoje da série "Rins: Uma Luta pela Vida", vamos conhecer a jornada de quem conseguiu passar por um transplante.
Paulo, agricultor de 51 anos, foi o primeiro paciente a receber um transplante de rim no Uopeccan, em Cascavel. O procedimento ocorreu no dia 7 de janeiro deste ano, após oito meses de espera por um órgão compatível. A notícia tão aguardada veio em um momento de distração e trouxe esperança para ele e sua família.
O transplante foi um sucesso e, após uma semana, Paulo já foi liberado para voltar para casa. Durante um ano e três meses, ele passou pelo tratamento com hemodiálise. Morador de Espigão Alto do Iguaçu, a mais de 130 quilômetros de Cascavel, ele percorria uma distância ainda maior por viver na área rural e precisar se deslocar até o local de tratamento.
A Unidade de Terapia Renal do Uopeccan começou a funcionar em setembro do ano passado, tornando-se uma referência regional. O espaço, que funciona em parceria com o governo do estado, possui cerca de 200 metros quadrados distribuídos em três pavimentos. Atualmente, o Uopeccan conta com 40 máquinas de hemodiálise, possibilitando até três mil sessões por mês, de segunda a sábado. Essa estrutura ampliada atende pacientes que, assim como Paulo, sonham com um transplante.
No ano passado, o rim foi o órgão mais transplantado no Brasil, com mais de 4.500 cirurgias, representando 66% dos procedimentos realizados no país. Em 2024, o Paraná liderou a lista dos estados no primeiro semestre do ano, com mais de 280 transplantes de rim.
Esse avanço é possível graças ao Sistema Nacional de Transplantes, o maior programa público do mundo, responsável pela regulamentação, controle e monitoramento do processo de doação e transplantes no país. Cerca de 88% do financiamento dos procedimentos é custeado pelo SUS.
Contudo, mesmo com toda essa estrutura, os transplantes só são possíveis com a doação de órgãos. A conscientização e a decisão de ser doador podem salvar vidas e transformar histórias como a de Paulo.