Nesta quarta-feira (19) completa um mês do ataque ao Colégio Estadual Professora Helena Kolody, em Cambé, que tirou a vida de Karoline Verri Alves, de 17 anos, e Luan Augusto da Silva, de 16.
As vítimas eram namorados e estavam juntos no pátio da escola quando um ex-aluno invadiu o local e disparou diversas vezes contra os jovens. Ele havia comunicado na portaria que iria buscar o histórico escolar. Karoline e Luan foram as primeiras pessoas que ele avistou. O atirador não conhecia as vitimas e não tinha qualquer tipo de relação com nenhum deles.
Karoline morreu ainda no local. Luan chegou a ser socorrido e foi encaminhado ao Hospital Evangélico de Londrina em estado gravíssimo, mas não resistiu e morreu ainda na madrugada da terça-feira, 20 de junho.
O atirador
O atirador, de 21 anos, foi preso em flagrante no dia do ataque, mas na noite do dia seguinte, foi encontrado morto dentro da cela, na Casa de Custódia de Londrina. Ele estava preso com outro rapaz suspeito de ajudá-lo a planejar o crime. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, os dois eram os únicos presos nesta cela.
A suspeita é que ele tenha tirado a própria vida. As investigações constataram que seu objetivo era invadir o colégio, matar as pessoas e depois tirar a própria vida.
O Ministério Público do Paraná designou dois promotores para acompanhar a investigação da morte do homem. A promotoria de Londrina se restringe ao ponto da investigação da morte do acusado. Já o atentado, está sendo acompanhado pelo Ministério Público de Cambé, e a investigação corre em segredo de justiça.
Investigações
De acordo com informações da Polícia, o crime foi planejado. O delegado-chefe da 10ª Subdivisão da Polícia Civil de Londrina, Amarantino Ribeiro, afirmou que o atirador esteve no colégio um mês antes do atentado. “Com o objetivo de fazer um levantamento, para saber se estava tudo como antes, em 2014 [quando ainda era estudante]".
Um homem de 35 anos e um de 39, foram presos suspeitos de fornecerem a arma e munições ao atirador. Todos eles, incluindo o atirador, residiam na cidade de Rolândia.
Um homem de 19 anos, morador de Santo André (SP), também foi preso acusado de participar ativamente do crime instigando o atirador a realizar o ataque. Contra ele foi cumprido um mandado de prisão preventiva, sendo indiciado por homicídio qualificado. As investigações também identificaram que este rapaz era um agressor em potencial e poderia cometer seu próprio atentado no estado de São Paulo.
Além disso, um outro homem de 18 anos foi preso suspeito de ser o “mentor” do ataque. A prisão foi feita em Gravatá, no estado do Pernambuco, após expedição de mandado de prisão solicitado pela Polícia Civil do Paraná.
Todos esses indícios apontam que o caso não foi isolado.
Momentos de terror
No dia do ataque, Karoline Luan estavam do lado de fora da sala, durante uma aula vaga. Os namorados estavam jogando Ping Pong quando o atirador chegou.
Luan foi atingido com dois tiros, na cabeça e na nuca. Karoline tentou fugir, mas também foi atingida na cabeça.
O atirador não conhecia nenhuma das vítimas. Antes de morrer na cadeira, ele contou ao advogado que escolheu “o mais alto e a mais bonita”, e ainda relatou que sofria bullying na época de escola e seu objetivo era procurar pessoas parecidas para “se vingar”.
O herói
A tragédia só não foi maior por conta de um herói: Seo Joel Oliveira, de 62 anos.
O trabalhador autônomo estava prestando um serviço próximo ao colégio no momento do atentado. Ele ouviu os disparos e gritos, e correu para dentro do local.
Ao chegar lá, avistou o atirador e conseguiu detê-lo. “A minha primeira reação foi salvar as crianças. Eu entrei sabendo o risco que eu corria, né? Quando ele me viu eu falei: ‘É a Polícia, para! Deita no chão e se entrega!’ Ele me viu com o celular na mão e achou que era uma arma. Ele parou, não reagiu, e eu segurei ele”.
Logo em seguida, a polícia chegou no local e conseguiu prender o rapaz.
Graças à sua atitude heroica, Seo Joel foi homenageado pela Assembleia Legislativa do Estado e recebeu uma menção honrosa.
Fé inabalável
As famílias de Karoline e Luan são muito ativas na comunidade católica de Cambé, e transmitiram isso para os adolescentes. Eles faziam parte do grupo de oração de jovens Lummi.
O padre Rafael Solano reconhece que a dupla é um exemplo para os jovens a ser seguido dentro da igreja, e a Arquidiocese de Londrina reconheceu Karoline e Luan como intercessores e inspirações para a juventude de todo o país.
Neste final de semana, os pais de Karoline e os avós de Luan compartilharam seu testemunho em um evento católico em São Paulo. “Obrigado queridos irmãos, porque vocês estão transformando a dor de vocês em luz, e em um testemunho de salvação para muita gente”, declarou o padre Adriano Zandoná.
A Igreja Matriz da Paróquia Santo Antônio de Cambé, realiza nesta quarta-feira (19) às 19h30min a missa de um mês de falecimento de Karoline Verri Alves e Luan Augusto da Silva.
Que este legado de amor e fé prevaleça acima de qualquer ódio ou rancor. Que eles estejam descansando em paz!