Em entrevista concedida nesta quarta-feira (24) para o programa Tempo Quente, apresentado por Rodrigo Marine, a vereadora Paula Vicente (PT) detalhou a crise orçamentária que atinge a Secretaria de Assistência Social de Londrina para o exercício de 2026. O foco da discussão é o corte de R$ 17 milhões no orçamento da pasta, realizado pela gestão do prefeito Tiago Amaral. Segundo a parlamentar, a redução compromete serviços essenciais de acompanhamento de famílias vulneráveis, idosos e pessoas com deficiência.
O impasse do orçamento e os repasses
A vereadora explicou que, após forte mobilização de trabalhadores e usuários do setor, houve uma tentativa de recomposição dos valores. A Câmara Municipal destinou R$ 4 milhões de seu próprio orçamento para a assistência. No entanto, ainda resta um déficit de aproximadamente R$ 13 milhões.
A prefeitura sinalizou que R$ 11 milhões viriam de repasses do Governo do Estado, mas Paula Vicente aponta falta de transparência no planejamento. “Não está claro se o recurso será usado para recompor o que foi cortado ou para criar novos programas de incentivo ao trabalho, como o prefeito mencionou. Sem o plano apresentado, não há como fiscalizar”, afirmou a vereadora.
Risco de fraudes e falta de pessoal
Um dos pontos mais sensíveis levantados na entrevista foi a relação entre o corte de verbas e a eficácia do Cadastro Único (CadÚnico). Paula Vicente alertou que a assistência social é o “filtro” que garante que o dinheiro chegue a quem realmente precisa.
Déficit de profissionais: Atualmente, a cidade conta com cerca de 24 cadastradores (terceirizados), quando o necessário seriam, no mínimo, 50 profissionais para a demanda de mais de 100 mil usuários.
Fiscalização: A vereadora ressaltou que cortes na área dificultam as visitas domiciliares, o que pode facilitar fraudes de pessoas que não se enquadram nos perfis de vulnerabilidade, além de deixar desassistidos aqueles que sofrem maus-tratos silenciosos.
Ausência da Secretaria
A entrevista também foi marcada pela ausência da secretária de Assistência Social, Marisol Chiesa, que havia sido convidada para o debate. A falta de interlocução direta da secretaria com a população e com o Legislativo foi duramente criticada pela apresentadora e pela vereadora, que cobraram explicações técnicas sobre como os cortes serão aplicados e qual o cronograma de manutenção dos serviços para o próximo ano.
Paula Vicente reforçou que, embora o orçamento total do município chegue a quase R$ 4 bilhões, o valor destinado à assistência (cerca de R$ 117 milhões) é proporcionalmente baixo, sendo que quase metade desse montante é consumido pela folha de pagamento dos servidores, restando pouco para o investimento direto em benefícios.