Uma instrução normativa do Ministério da Agricultura, Agropecuária e Abastecimento, assinada nesta quarta-feira (13), torna mais ágil a importação de trigo da Rússia. A medida altera uma regra que dificultava a entrada do trigo com determinadas pragas sujeitas a quarentenas, como ervas daninhas. Mas de acordo com o secretário de Defesa Agropecuária do ministério, Luis Rangel, isso só será possível “desde que a presença seja informada pelos russos e sejam adotadas medidas contundentes de mitigação dos riscos no Brasil”. A informação será feita no Certificado Fitossanitário Internacional.
Segundo Ragel, a medida de mitigação definitiva de eventuais pragas presentes no produto é o processamento do trigo. “É viável e elimina completamente a praga”, garante o secretário. Ele acrescentou que o processamento do trigo é equivalente à fumigação. “Esse era o tratamento previsto desde 2009, só fizemos alguns ajustes”, disse Rangel.
Ele esclareceu que “a Convenção Internacional de Proteção dos Vegetais (CIPP na sigla em inglês) orienta os países que adotem medidas proporcionais para viabilizar o comércio. Fizemos análise de risco e de viabilidade do uso dessa estratégia de processamento das cargas para atender às normas da CIPP”.
Para preservar áreas de produção do trigo, localizadas no Sul do país, e evitar desvios das cargas, inicialmente, só estão autorizados a importar esse trigo os moinhos das regiões Norte e Nordeste, situados o mais próximo possível dos portos.
De acordo com o secretário, não há risco de contaminação do trigo brasileiro uma vez que esse tipo de praga só representaria perigo se fosse usado como semente. Mas como o produto é destinado ao consumo, “há segurança em relação às medidas adotadas, pois será mantida vigilância ostensiva sobre essas importações”.
Serão coletadas amostras de todas as cargas. As análises serão feitas pelo laboratório Agronômica, do Rio Grande do Sul, credenciado pelo ministério, sob a supervisão do Lanagro, de Belém do Pará. Rangel garante que se surgirem novos riscos a análise será reavaliada.
Com a declaração da existência dessas pragas, o produto passará por um acompanhamento mais minucioso da autoridade fitossanitária brasileira até o moinho credenciado, que fará o processamento. Rangel explicou que há terminais portuários em Manaus, no Ceará e Recife, próximos aos moinhos importadores de trigo de outros países, que poderão receber os primeiros embarques. “Vamos cadastrar os moinhos conforme a demanda de importadores junto ao Departamento de Sanidade Vegetal (DSV)”, explicou.
EBC