O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (10), manter a taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano, confirmando as projeções da maior parte dos analistas do mercado financeiro. É o maior nível da taxa desde 2006.
Desde setembro do ano passado, a taxa foi elevada sete vezes seguidas. Nas reuniões de julho, de setembro e de novembro, o Copom não mexeu na taxa.
“O Copom decidiu manter a taxa básica de juros em 15,00% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego. O cenário atual, marcado por elevada incerteza, exige cautela na condução da política monetária. O Comitê avalia que a estratégia em curso, de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado, é adequada para assegurar a convergência da inflação à meta. O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que, como usual, não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, disse o Banco Central em nota.
O remédio amargo da Selic alta
A manutenção da Selic neste patamar elevado tem consequências diretas na economia:
Encarece o crédito, fazendo com que os empréstimos se tornem mais caros.
Reduz o consumo e os investimentos das empresas, o que desacelera a economia.
O uso dos juros altos é o principal remédio para reduzir a inflação, mas é um "remédio amargo e em dose excessiva". A prova do impacto negativo é a estagnação da economia no terceiro trimestre.
Apesar de a inflação vir recuando — auxiliada pelo dólar mais baixo e pela boa safra agrícola — o Banco Central não deve anunciar um corte de juros de imediato, pois "normalmente sinaliza o movimento antes".